Falando à margem da Primeiras Jornadas Nacionais de Nutrição, promovida pelo Ministério da Saúde de Angola, a supervisora de nutrição de Luanda, Ana Isabel, disse que a subnutrição é a quinta causa de morte em crianças menores de cinco anos.

Segundo Ana Isabel, o desmame precoce, feito "de maneira muito bruta", está na base dos casos de malnutrição em Luanda, afetando sobretudo crianças de zonas suburbanas.

"As mães têm um conceito de que para o desmame, a criança tem que sair de casa, levar a uma tia, uma avó, para fazer o desmame e nesta situação tem surgido a questão da malnutrição", explicou a técnica, em declarações à Lusa.

Aconselhamento nos primeiros seis meses de vida

O aconselhamento sobre os cuidados alimentares nos primeiros seis meses de vida das crianças nas comunidades tem sido uma das estratégias para o combate da malnutrição, que tem registado melhorias comparativamente a anos anteriores, frisou ainda.

A Avaliação Nutricional governamental, realizada em março de 2014 em quatro províncias angolanas afetadas pela estiagem, refere que ainda persistem múltiplos desafios por enfrentar, entre os quais a harmonização das intervenções a favor da criança, o aumento da distribuição orçamental específica para a nutrição.

O reforço de indicadores de segurança alimentar e nutricional, o fortalecimento da gestão operacional das múltiplas atividades do plano quinquenal, a redução das taxas de malnutrição e a colocação da nutrição e alimentação como fatores chave do desenvolvimento de Angola são igualmente outros desafios.

Informação distribuída nas Primeiras Jornadas Nacionais de Nutrição, revela que em 2010, havia em funcionamento em Angola apenas 24 unidades especiais de nutrição, atualmente existem 68.

Há cinco anos, não havia unidades sanitárias com tratamento de pacientes malnutridos no ambulatório e atualmente existem seis hospitais consagrados amigos da criança em Cabinda, Lobito, Sumbe, Namibe e dois em Luanda.

Entre 2012 e 2013, foram formados 2.293 enfermeiros, 70 médicos e 2.428 ativistas comunitários sobre gestão e manuseamento da malnutrição aguda.

A capacitação da rede sanitária resultou na triagem nutricional de 1,9 milhões de crianças dos seis aos 59 meses, tendo sido tratadas 139.391 crianças de malnutrição aguda global e das quais 73.910 com malnutrição aguda severa e 65.481 com malnutrição aguda moderada.