A associação de defesa dos consumidores (Deco) anunciou hoje que tem feito testes comparativos aos alimentos para bebés e nunca foram detetados resíduos de pesticidas nas análises.

 

A posição da DECO surge na sequência de um relatório da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, que refere Portugal como um dos cinco países europeus onde foram encontradas, em 2010, algumas amostras de alimentos para bebés com valores de resíduos de pesticidas acima dos limites estabelecidos.

 

Em declarações à agência Lusa, Sílvia Machado, da associação, adiantou que a Deco analisou em 2002 os boiões de comida para bebés à base de carne, de peixe, fruta e sobremesas lácteas e em 2010 as farinhas para bebés. “Em nenhum destes casos foram encontrados resíduos de pesticidas e essa foi uma das análises realizada”, assegurou Sílvia Machado.

 

A técnica disse ainda não perceber “porque é que se demorou tanto tempo a divulgar esta informação” relativa a amostras realizadas a 2010. “Há de facto uma legislação que determina qual é o nível máximo permitido de pesticidas na alimentação para as crianças e o que nos parece – não tenho mais detalhes sobre o processo – é que os limites têm algum grau de segurança”, não pondo em causa a segurança alimentar.

 

Contudo, trata-se de um produto que não está de acordo com o que a legislação preconiza, acrescentou. Na quarta-feira, o Governo assegurou que os alimentos para bebés respeitam todos os requisitos relativos a resíduos de pesticidas e que as amostras que ultrapassavam os limites máximos permitidos não se encontravam rotuladas como comida para bebés.

 

Questionada pela Lusa, a Secretaria de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar esclareceu que “os alimentos produzidos especificamente para bebés respeitam o cumprimento de requisitos próprios, nomeadamente quanto à sua composição nutricional, resíduos de pesticidas e rotulagem específica”, previstos na legislação relativa aos alimentos à base de cereais e aos alimentos destinados a latentes e crianças até aos três anos.

 

Explicou ainda que, das 13 amostras analisadas em 2010 e que constam do relatório da AESA como alimentos para bebés, as duas amostras que ultrapassaram o limite máximo de resíduos “não são na realidade consideradas alimentos especificamente para bebés (baby food)”. “Estas duas amostras dizem respeito a alimentos à base de cereais que não se encontravam rotulados como alimentos para bebés, sendo os mesmos destinados ao consumidor geral”, adiantou.

 

Também a Associação da Indústria da Alimentação Infantil (ANID) assegurou que as suas empresas associadas utilizam os mais elevados padrões de controlo da qualidade dos alimentos para bebés, quer ao nível do controlo das matérias-primas, quer ao nível do próprio processo.

 

“Nenhum dos produtos envolvidos nestas análises pertence a associados da ANID, estando a Associação a trabalhar em estreita colaboração com as autoridades nacionais para garantir a maior transparência de informação junto dos consumidores”, adiantou a associação em comunicado.

 

Lusa