As crianças que pintam, fazem recortes e moldam plasticina tendem a ser mais imaginativas. «Educar uma criança num ambiente rico em atividades manuais e artísticas incentiva não só a sua criatividade, mas também a imaginação e autoconfiança e proporciona momentos inesquecíveis para toda a família», assegura Andreia Vidal, autora do livro «365 ideias para tirar os seus filhos de frente da televisão».

Se, lá fora, o tempo não convida a passeios ao ar livre, reúna as crianças à volta de jogos e/ou de livros com atividades que os envolvam e que os levem a desenvolver as suas capacidades criativas. Vale tudo, menos ligar a televisão, defendem muitos especialistas, nacionais e internacionais, à semelhança da educadora de infância que escreveu a obra, publicada pela editora A Esfera dos Livros.

«Antes dos ecrãs [das televisões, dos smartphones, dos tablets e dos computadores], os pais punham as crianças à janela [para que pudessem observar o mundo exterior]. É seguramente menos tóxico», defende Serge Tisseron, psiquiatra especializado nos efeitos psicológicos da exposição prolongada a ecrãs, que aponta o dedo a muitos progenitores, que considera negligentes.

«Quando um pai deixa o filho estar seis horas em frente a uma televisão, não é porque pensa que isso é benéfico para a criança. É porque tê-los sossegados durante essas horas lhes permite esquecer os seus próprios problemas», critica. «A criança é abandonada à sua própria sorte [nessas alturas]», condena ainda. Em meados de 2016, uma recomendação da sociedade de pediatria canadiana veio defender o mesmo.

«Não é recomendado deixar crianças com menos de dois anos em frente a qualquer ecrã que seja», alertam os especialistas. Um estudo realizado no Canadá afirma que «só 15% das crianças em idade pré-escolar» cumprem as diretivas dos especialistas. Em muitos dos países desenvolvidos, a percentagem não difere muito. O sedentarismo é uma das causas do aumento exponencial da obesidade entre os mais novos.