Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJ) de Monção, José Carlos Vale, adiantou que as "casinhas para pássaros" vão ser colocadas "em locais reservados para que as crianças que queiram denunciar uma situação de maus tratos não sejam identificadas".

Trata-se de pequenas casas, em madeira, que foram construídas no âmbito do Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância, que decorreu durante todo o mês de abril.

As 14 "casinhas para pássaros", pintadas de azul, cor que deu o mote àquela campanha estiveram expostas, em forma de laço gigante, no centro daquela vila do Alto Minho e, vão agora ser colocadas nas escolas do concelho.

"Pode ser uma forma de ajudar as crianças a revelarem situações de maus tratos, ou pelo menos darem pistas, porque é muito complicado para elas denunciar este tipo de caso por temerem ser alvo de chacota e gozo por parte dos colegas".

As "casinhas para pássaros" contêm um pequeno orifício arredondado na frente, e uma porta fechada com cadeado na parte de trás, permitindo que as crianças e jovens vítimas de maus tratos possam deixar uma mensagem à CPCJ "sem que mais ninguém saiba".

As mensagens serão recolhidas periodicamente pelos técnicos daquela comissão que, atualmente acompanha entre 45 a 50 crianças e jovens sinalizados em situação de risco.

Para José Carlos Vale "esta forma de interação, em local reservado e com total confidencialidade", poderá vir a "potenciar a disponibilidade das crianças para a comunicação e resolução dos seus problemas".

As caixas foram concebidas pela artista plástica Patrícia Oliveira, que "bebeu inspiração na comunicação via mensagem analógica" utilizada, em tempos, "com bilhetinhos dobrados de papel entre as crianças nas salas de aula".