O presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida criticou a possibilidade de registar bebés como sendo de género "indeterminado", que vai ser introduzida na Alemanha, considerando que a Humanidade "não ganha nada em acrescentar um terceiro género".

 

A Alemanha vai tornar-se, a 1 de novembro, o primeiro país europeu a permitir o registo de bebés como sendo de género "indeterminado" para abranger as crianças com órgãos genitais ambíguos, cerca de uma em cada duas mil.

 

Questionado pela Lusa sobre esta medida, o presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), Miguel Oliveira da Silva afirmou que "do ponto de vista sexual, a Humanidade tem uma dualidade antropológica. Ou somos XX ou XY, do ponto de vista genético. Esses genes ninguém muda".

 

Mesmo nos casos de hermafroditismo, em que há órgãos sexuais com aparência masculina e feminina em simultâneo, a pessoa "não deixa de ser uma mulher ou um homem", o que se pode determinar logo à nascença ou mesmo durante a gestação, "com uma análise aos cromossomas", adiantou.

 

"Do ponto de vista genético, é absurdo, porque ninguém é indeterminado. Eu não sou daqueles que dizem que os genes são tudo e que a genética diz tudo, mas neste caso diz", referiu o responsável do Conselho de Ética.

 

Para Miguel Oliveira da Silva, "a Humanidade não ganha nada em acrescentar um terceiro género, ninguém é mais feliz por isso".

 

O presidente do CNECV mencionou que "o que os alemães querem dizer é que uma criança que nasça com ambiguidade sexual pode ter maior dificuldade no chamado género", mas, acrescentou, "o género não é o sexo genético, é a forma como cada um sente o seu sexo".

 

"As pessoas sabem qual é o seu género: ou se sentem masculinas ou femininas", sublinhou.

 

Lusa