“O número de atendimentos por complicações de ‘aborto ilegal’ nos serviços de urgência diminuiu consideravelmente desde 2007”, refere o documento, que analisa os problemas associadas à interrupção da gravidez.

 

A média anual de atendimentos nos serviços de urgência, entre 2002 e 2007, por complicações ligadas ao aborto ilegal foi de 1.258, tendo descido para uma média de 241 entre 2008 e 2012.

 

Contudo, entre 2008 e 2012 há ainda que contar com as complicações registadas nas interrupções de gravidez dentro do quadro legal. Ainda assim, a média anual destes cinco anos fica-se abaixo dos 1.100 casos, média menor à registada antes da entrada em vigor da nova lei.

 

De acordo com os dados do relatório da Direção-geral da Saúde (DGS), também se notou uma redução do número de complicações mais graves, como infeção/ sépsis e perfuração do útero.

 

Das oito mortes maternas registadas em 2011 e 2012 nas unidades de saúde que responderam ao inquérito nenhuma esteve associada à interrupção da gravidez, quer legal ou ilegal.

 

Aliás, estima-se, internacionalmente, que a mortalidade materna associada à interrupção da gravidez legal é de 0,32 em cada 100 mil nascimentos.

 

“A frequência de complicações comunicadas pelos serviços de saúde em 2011 e 2012 enquadra-se nos valores encontrados noutros centros internacionais”, refere o relatório.

 

Para Teresa Bombas, da Sociedade Portuguesa de Contraceção, estes são indicadores positivos e mostram que a nova lei da IVG trouxe vantagens na diminuição da morbilidade e dos problemas do aborto clandestino.

 

No Dia Mundial da Contraceção, que hoje se assinala, a especialista adianta que os números em Portugal mostram que há 209 interrupções da gravidez por cada 100 mil nados vivos, dados abaixo da média europeia.

 

Internacionalmente, estima-se que, todos os anos, mais de 41% dos 208 milhões de gravidezes em todo o mundo não sejam planeadas, o que significa que mais de 80 milhões de mulheres têm filhos não desejados ou planeados.

 

A nível mundial, dois milhões de adolescentes com menos de 15 anos e 16 milhões com idade entre os 15 e os 19 anos são mães anualmente.

 

Dados que são hoje divulgados pelos promotores do Dia Mundial da Contraceção indicam que mais de metade das mulheres em idade reprodutiva nos países desenvolvidos quer evitar a gravidez.

 

Em Portugal, segundo Teresa Bombas, 65% das mulheres em idade fértil recorre a contraceção oral (pílula) para não engravidar e as gravidezes na adolescência têm vindo progressivamente a diminuir.

 

Os desafios da contraceção vão estar a ser debatidos na sexta-feira e no sábado por profissionais de saúde e investigadores, numa reunião da Sociedade Portuguesa da Contraceção que decorrerá na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

 

Lusa