Numa sociedade onde a imagem tem vindo a assumir um peso crescente, viver com um corpo que não achamos que encaixa nos padrões estéticos vigentes pode revelar-se um verdadeiro fardo. Nos últimos anos, o número de crianças e adolescentes a pedir aos pais para recorrer à cirurgia estética aumentou consideravelmente, atingindo níveis preocupantes. Em 2009, entre os 13 e os 19 anos, foram realizadas mais de 210.000 intervenções, só nos Estados Unidos da América. De lá para cá, pouco mudou.

Os cirurgiões que, recentemente, participaram num inquérito conduzido pela American Academy of Facial Plastic and Reconstructive Surgery confirmaram isso mesmo, apontando outra razão que não a meramente estética. Os especialistas revelaram que crianças e jovens estão a submeter-se a cirurgias plásticas por estarem a ser vítimas de bullying (69 por cento) e que houve um aumento de cirurgias plásticas e de procedimentos minimamente invasivos em pessoas com idade inferior a 30 anos.

Muitos dos procedimentos são, na adolescência, travados pelos pais, uma situação que se inverte na idade adulta. Cerca de 34 por cento dos cirurgiões plásticos inquiridos reportaram que as mulheres com menos de 35 anos estavam a procurar procedimentos não cirúrgicos para prevenir os sinais do envelhecimento, enquanto 23 por cento dos cirurgiões revelaram que os homens com idade inferior a 35 anos realizavam rinoplastias, lipoaspirações do pescoço (papada), mentoplastias e procedimentos para reduzir cicatrizes da acne.

O que diferencia homens e mulheres

Ainda segundo este inquérito, as principais preocupações de quem se submete a uma cirurgia ou procedimento não cirúrgico são os resultados, os custos, o pós-operatório, a dor e as cicatrizes. As mulheres perfizeram, em média, 81 por cento do total de cirurgias plásticas e procedimentos não cirúrgicos dos últimos anos e, dentro deste grupo, dois terços eram mães. As maiores preocupações masculinas diziam respeito à falta de cabelo e rugas.

No sexo oposto, as mulheres procuravam manter um rosto jovem através de um facelift, de uma blefaroplastia ou de uma rinoplastia. Na Europa, segundo conclusões do Congresso Mundial da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), realizado em setembro de 2014 no Rio de Janeiro, ocorreu um aumento significativo da procura por cirurgias plásticas na Europa nos últimos cinco anos.

O que refere um outro estudo

A correção da flacidez abdominal e o aumento do peito e dos glúteos são as cirurgias mais solicitadas pelas mulheres, enquanto a maioria dos homens procuram soluções para a calvície. Os procedimentos minimamente invasivos, como o botox e os preenchimentos, são os mais procurados pelo sexo feminino.

Um estudo divulgado pelo Plastic and Reconstructive Surgery, o jornal médico oficial da American Society of Plastic Surgeons (ASPS), previa que fossem realizados 55 milhões de procedimentos de cirurgia cosmética em 2015, mais do que o quádruplo do número de procedimentos realizados em 2005.

Na base desse crescimento, tendência que se mantém para 2016, parece estar a maior consciencialização por parte do consumidor, o marketing direto, a publicidade e os avanços tecnológicos no que respeita a opções não cirúrgicas. Estes e outros assuntos estarão em destaque no IMCAS 2016, congresso anual de beleza e cirurgia estética que, anualmente, atrai a Paris milhares de especialistas de todo o mundo. A edição deste ano arranca a 28 de janeiro.

Texto: Luis Batista Gonçalves com Teresa d'Ornellas