Uma menina, húngara, veio ao mundo três meses depois de ter sido declarada morte cerebral da mãe, vítima de um derrame. Esta é a primeira vez que um bebé nasce tanto tempo após a morte da progenitora, avança o Jornal de Notícias.

 

A mulher morreu grávida de 15 semanas, mas a equipa médica conseguiu manter o organismo funcional e utilizou-o como «incubadora» da filha, mantendo o feto dentro da barriga. Esta estratégia adotada pelos médicos permitiu que o feto se desenvolvesse e sobrevivesse.

 

A partir das 20 semanas de gestação, altura em que os bebés já ouvem, as enfermeiras começaram a «falar com a barriga» e o pai e a avó iam ao hospital com frequência, para acariciar o ventre e «falar» com a criança.

 

Apesar de todos os riscos, a menina manteve-se bem até às 27 semanas e, nessa altura, a equipa médica achou que estava na altura de submeter o corpo da mulher a uma cesariana. O bebé nasceu no mês de Junho, em Debrecen, na Hungria, com 1,4 quilogramas, e recebeu alta esta quinta-feira.

 

A identidade da mãe mantém-se em sigilo, a pedido da família. A mulher, de 31 anos, salvou mais quatro pessoas, através da doação dos órgãos.

 

Este caso tem, no entanto, levantado questões éticas, legais e até económicas. Depois da cesariana, as máquinas foram desligadas, mas manter o corpo da mulher morta a trabalhar custou ao Estado húngaro cerca de sete mil euros.

 

 

Maria João Pratt

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