A empresa rejeita, contudo, essas acusações, alegando que adota o "escrupuloso cumprimento" da lei em vigor e que segue as orientações do seu gabinete interno de Medicina do Trabalho.

Em comunicado, o BE diz-se preocupado com as funcionárias do departamento de logística, indicando que "ao contrário do que deveria acontecer, estas trabalhadoras não são recolocadas em funções menos exigentes fisicamente e, ainda que grávidas, continuam a ter que carregar manualmente caixotes com cerca de 12 quilos de peso, o que demonstra um total desrespeito para com os direitos da trabalhadora grávida e pode ter consequências na sua saúde".

A mesma nota refere que o deputado Moisés Ferreira já questionou o Governo sobre o assunto, exigindo "averiguação por parte das autoridades competentes, no sentido de garantir que estas práticas não prefiguram assédio moral com o objetivo de controlar decisões individuais quanto à parentalidade e fazer com que as trabalhadoras grávidas abandonem o emprego".

Greve de um dia contra a pressão psicológica

O comunicado do BE surge dias depois de o mesmo departamento de Logística da Lactogal ter realizado uma greve de 24 horas contra "a pressão psicológica, [a] discriminação salarial e [a] falta de respeito" demonstradas pelas chefias perante as funções fisicamente desgastantes do pessoal afeto a esse serviço.

A greve incluiu uma concentração de trabalhadores à entrada da empresa, cuja administração rejeitou as acusações, realçando que proporciona aos referidos funcionários "pacotes de medidas sociais e de benefícios para além do legalmente exigível".

10 alimentos que as grávidas não devem comer

A distrital do BE defende, contudo, que a Lactogal exige "ritmos de trabalho cada vez maiores", pelo que na empresa "existem já vários casos de doenças profissionais, assim como diversos trabalhadores que, para conseguirem desempenhar as suas tarefas, usam pulsos e cintas elásticas". "Os que não aguentam esta situação são colocados de parte e pressionados para se despedirem, o que acontece em vários casos e configura uma situação de assédio moral", realça o comunicado.

Contactada pela Lusa, a administração da Lactogal diz adotar uma "política de escrupuloso cumprimento de todas as normas laborais em vigor, assegurando todos os direitos dos seus trabalhadores, em todas as situações".

A empresa adianta, aliás, que esse é um "facto que poderá, a qualquer momento, ser atestado pelas autoridades competentes para o efeito".

Realça também que "promove ainda um acompanhamento médico interno permanente dos seus colaboradores através de um gabinete próprio de Medicina no Trabalho, cujas advertências e aconselhamento são sempre rigorosamente cumpridos pela empresa em todos os casos".

A Lactogal detém as marcas Adagio, Agros, Castelinhos, Castelões, Fresky, Gresso, Matinal, Milhafre, Mimosa, Pleno, Primor, Serra da Penha, Serra Dourada e Vigor.

Segundo o site da empresa, o Grupo Lactogal é formado pelas empresas portuguesas Lactogal Produtos Alimentares, Lacticínios Vigor e Etanor Penha, e também pela firma espanhola Leche Celta.

Leite, iogurtes, queijos, manteigas, natas, águas e sumos constituem o leque de produtos da empresa, que é assegurado por "sete unidades fabris na Península Ibérica" e distribuído por países "em todo o mundo".