O Banco de Leite Humano da Maternidade Alfredo da Costa passou por uma fase difícil devido a limitações orçamentais, com forte diminuição de dadoras e uma quase rutura de stock, mas o projeto deverá continuar, segundo o responsável.
Em declarações à agência Lusa, o médico Israel Macedo revelou que o número de mulheres que doam o seu leite “diminuiu bastante”, passando de uma média de 30 para sete. A integração da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) no Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) aliada à contenção de custos levou a que o Banco de Leite diminuísse a capacidade de resposta aos bebés prematuros nos casos em que a mãe não tem leite em quantidade suficiente, adiantou o médico.
 Segundo Israel Macedo, o Centro Hospitalar decidiu restringir a metade o que paga à empresa que faz a recolha e transporte refrigerado do leite das mães dadoras. O médico e responsável pelo Banco de Leite Humano disse que só há cerca de uma semana foram desbloqueados os pagamentos a essa empresa referentes a este ano. “A empresa tem gasóleo que gasta nas viaturas. Com a redução do orçamento e com atrasos no pagamento, tivemos de confinar [a doação e recolha de leite] mesmo só à Grande Lisboa e tivemos de recusar dadoras da margem sul. A quantidade de leite reduziu bastante”, contou Israel Macedo.
No entanto, em declarações à Lusa, a presidente da administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Teresa Sustelo, disse desconhecer problemas com o Banco de Leite da MAC e garantiu que a unidade é para manter. Ainda segundo Israel Macedo, de uma média de 30 dadoras de leite, a MAC teve de restringir para 10 e neste momento conta apenas com cinco. E de uma média de 15 litros de leite por semana, a maternidade passou a contar apenas com oito. Com estas reduções, frisou, o Banco de Leite Humano teve de passar a ser dirigido para bebés com menor idade gestacional. Quanto ao impacto destas restrições nos bebés, o médico afirma que ao introduzir-se leite artificial começam a manifestar-se casos de intolerância e surgem mais problemas com os prematuros.
“Entretanto o problema foi desbloqueado. Passámos um mau bocado, com stocks muito residuais. Estamos neste momento a começar a tentar aumentar o número de dadoras”, afirmou o responsável. Israel Macedo diz acreditar que o Banco de Leite vai “continuar a ser um caso de sucesso, dentro das limitações do país”: “Temos de encontrar um equilíbrio entre os recursos mínimos de que precisamos e os custos que temos de ter para esses recursos”. Depois de uma “contenção grande do ponto de vista financeiro”, esta unidade da MAC está a recuperar da “fase complicada” e os profissionais mantêm-se “esperançados”, apesar de terem passado “um mau bocado”.
Segundo Israel Macedo, a intenção do Centro Hospitalar e dos profissionais do Hospital D. Estefânia, que integrará a MAC, é a de apoiar este projeto. Em três anos de funcionamento, o Banco de Leite Humano já alimentou cerca de 300 bebés da MAC e quase 30 do Hospital Fernando Fonseca (Amadora).
Lusa
07 de agosto de 2012