Após uma concentração de cerca de três centenas de alunos dos colégios Conciliar Maria Imaculada (CCMI) e Nossa Senhora de Fátima, na Praça Rodrigues Lobo, no centro de Leiria, onde se manifestaram a favor das "suas" escolas e procederam à largada de balões, as associações de pais destes colégios alertaram para a falta de resposta na cidade para receber mais alunos.

"Em Leiria, não há oferta pública. As escolas estão sobrelotadas e estão a fazer desdobramento. Há várias escolas que hoje já têm esse problema e sem os alunos do Colégio Nossa Senhora de Fátima e Colégio Conciliar Maria Imaculada", referiu o presidente da Associação de Pais do CCMI, João Ferreira.

Segundo este pai, se o Governo não alterar a decisão de cortar uma turma do 5.º ano no CCMI haverá um "largo número de pessoas que tem os filhos no colégio e que não terá capacidade de suportar uma propina".

"As implicações começam este ano, mas continuam no próximo e no outro, se o despacho for levado à letra. Hipoteticamente, dentro de quatro ou cinco anos não haverá contratos de associação nas escolas de Leiria", sublinhou João Ferreira.

A presidente da Associação de Pais do Colégio Nossa Senhora de Fátima, Marta Vasconcelos, acrescentou que "não se trata de colocar o ensino público realizado em escolas estatais contra o ensino público realizado em escolas de gestão privada com contratos de associação".

"Estamos todos do mesmo lado: da educação dos nossos filhos. O universo de alunos destas escolas é transversal a todas as classes sociais e por isso a motivação desta luta para a manutenção dos contratos de associação. Se assim não for, a liberdade de escolha do ensino fica reservada aos mais ricos. Aos mais pobres resta-lhes a escolha que o Estado faz por eles", disse ainda Marta Vasconcelos.

Considerando que as "decisões tomadas pelo Ministério da Educação têm sido tomadas de forma prepotente e sem espaço temporal para uma discussão séria, livre e despida de preconceitos", Marta Vasconcelos adiantou que "o aviso concursal, que começa dia 30 de maio e acaba dia 15 de junho, vai causar instabilidade".

"Acreditamos que até ao fim das matrículas haja uma reversão e possamos continuar a escolher os projetos educativos que acreditamos fazem sentido para os nossos filhos", frisou.

João Ferreira lamentou ainda que a tutela "não tenha ouvido ninguém" e "nem a Câmara Municipal [Leiria] foi consultada" nem "deu informação de quantos alunos tem disponível", "quando estas alterações também têm implicações no orçamento da autarquia".

Os pais prometem continuar a luta "até à exaustão, dentro da legalidade e das mais amplas normas democráticas", garantindo que marcarão presença na manifestação nacional de domingo, em Lisboa, pelas 15:00, na Assembleia da República.

Entretanto, a Câmara de Leiria continuar a reunir, até ao final desta semana, com todas as escolas do concelho, públicas e privadas, e respetivas associação de pais, para se inteirar dos problemas que afetam a rede, ouvir as críticas e perceber a capacidade dos estabelecimentos públicos para virem a receber mais alunos.

Fonte do Município adiantou à Lusa que só após esta análise é que a autarquia se irá pronunciar e que poderá então ver com a tutela para que possam ser corrigidas eventuais falhas neste processo.