O que mais perturba uma mãe e um pai de um bebé prematuro não é a aparência e o comportamento do seu filho, nem sequer os materiais, sons e imagens do ambiente que se vive nos Cuidados Intensivos do hospital, mas sim as “alterações nos papéis parentais”, revela Susana Silva, investigadora responsável pelo estudo, em entrevista telefónica à Lusa.

Outro resultado a destacar do estudo é que os pais “valorizam a confiança e a segurança nos cuidados de saúde”, a “proximidade física e emocional com as crianças” e as “necessidades de informação”, deixando para segundo plano o seu “próprio conforto e o suporte social”, acrescenta a especialista.

O estudo, patrocinado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), parte do “interesse em conhecer a perspetiva dos pais das crianças muito pré-termo na organização dos cuidados e nas intervenções em saúde em unidades de cuidados intensivos neonatais”, explica a socióloga Susana Silva.

O estudo revela também que mães e pais defendem a promoção da igualdade de género e no acesso a cuidados, propondo a criação de condições que facilitem a presença masculina na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN).

“Ter pelo menos um subsídio a 100% durante o período de internamento hospitalar”, “ incluir a prematuridade como um ponderador na fórmula de cálculo do abono de família e na extensão do número de dias do subsídio para assistência a filho” e promover a “comparticipação dos leites e acesso gratuito a todas as vacinas aconselháveis para prematuros” são outros dos desejos dos progenitores com filhos prematuros.

O estudo, intitulado “Papéis parentais e conhecimento em unidades de cuidados intensivos neonatais”, incluiu um inquérito com 211 mães e pais e entrevistas qualitativas a 41 destes casais.

A recolha dos dados para o estudo foi feita entre julho de 2013 e julho de 2014, mas só hoje é que vai ser apresentado publicamente no auditório do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), a partir das 14:00.