Perto de 900 crianças e jovens, a maioria raparigas, com idades entre os 11 e os 17 anos, foram vítimas de crime em 2012 e pediram ajuda à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, segundo o relatório anual hoje divulgado.

 

Com idades entre os zero e os 17 anos, a APAV registou um total de 887 crianças e jovens vítimas de crime em 2012, representando 9,9 por cento de um universo de 8.945 vítimas.

 

As estatísticas da APAV indicam que 53% das vítimas são raparigas, 45% têm idades entre os 11 e os 17 anos e 32,4% entre os seis e os 10 anos.

A maioria das vítimas pertence a famílias nucleares com filhos (41,3%), seguindo-se os núcleos monoparentais (26,3%).

 

Mais de metade (50,9%) das vítimas frequenta o pré-escolar e o ensino básico 3ºciclo e, “apesar do número não ser tão significativo”, 12,9% “não detinha nenhum nível de ensino”, apesar de a maioria estar em idade escolar.

 

Os dados indicam que 9% das vítimas residiam no distrito de Lisboa (9%), seguindo-se os Açores (5%), Faro (4,2%), Vila Real (2,3%) e Porto (2,1%).

 

Tendo em conta que cada vítima pode ser alvo de vitimação por mais do que um autor de crime, a APAV totalizou 898 agressores, a maioria dos quais (68,9%) tinha relações de parentalidade com as vítimas.

 

Segundo o relatório, 82% dos agressores são homens, 14,1% têm entre os 35 e os 40 anos, 10,1% entre os 45/50 anos, 7,4% apenas sabiam ler e escrever, 42,3% estavam empregados, 24,6% eram dependentes do álcool e 18,6% não tinham antecedentes criminais.

 

A vitimação continuada representou 70% dos casos, com uma duração entre os dois e os seis anos.

 

A maior parte dos crimes (59,2%) ocorreu na casa onde vive a vítima e o agressor, seguindo-se a residência da vítima (8,6%) e o lugar/via pública (6,7%).

 

A APAV refere que 43% das vítimas não apresentaram queixa junto das entidades policiais, enquanto 32% fizeram-no, a maioria (50,4%) à PSP, encontrando-se a maior parte dos processos (56,3%) em fase de inquérito.

 

As situações reportadas às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) representaram 8% dos casos (72).

 

Do universo de 8.945 vítimas diretas de crime apoiadas pela APAV em 2012, 81% eram adultos até aos 64 anos de idade, a grande maioria (85%) mulheres.

 

A faixa etária mais prevalente situa-se entre os 35 e os 40 anos de idade (10,2%), seguindo-se a dos 45/50 anos (8,9%).

 

A maior percentagem dos adultos vítimas de crime reside no distrito de Lisboa (8,7%), seguindo-se as que vivem nos distritos do Porto (3,4%) e de Setúbal (2,1%).

 

Em 34,4% das situações de vitimação, a relação entre autor do crime e vítima era a de cônjuge e 13,8% dos casos a relação era a de companheiro/a.

A grande maioria dos agressores (79,5%) são homens, 16,1 têm entre os 36 e os 50 anos, 38,9% são casados, 9,2% apenas sabe ler e escrever e 36,7% estão empregados.

 

Os dados indicam ainda que 17,4% eram dependentes do álcool e 8% não tinham antecedentes criminais.

 

A maioria das situações de vitimação (62,8%) foi de caráter continuado (62,8%), com duração entre os dois e os seis anos (13,3%), ocorrendo a grande maioria na residência comum da vítima e do agressor (49,2%).

 

Cerca de 10% dos crimes ocorreram na via pública.

 

Lusa