As associações de pais querem que o ano letivo termine mais tarde para os alunos do 4.º e 6.º anos, caso vejam as aulas interrompidas pela impossibilidade de os professores acumularem as aulas com a correção de exames.

 

“Os miúdos devem ser compensados. No diploma do calendário escolar está estipulado o número de dia de aulas do 3.º período. Não estão mencionadas interrupções letivas por causa destes exames”, defendeu a presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Isabel Gregório.

 

A questão da eventual interrupção das aulas levantou-se depois de os professores terem acusado o Ministério da Educação e Ciência (MEC) de estar a atribuir demasiados exames para correção aos docentes, lembrando que terão de acumular esta tarefa com as aulas, que ainda decorrem.

 

Contactado pela Lusa, fonte do ministério disse que "foram dadas instruções aos agrupamentos de exames para que, tendo em conta o número de professores disponíveis na bolsa e o tempo disponível para a classificação das provas finais, fosse atribuído a cada classificador cerca de 40 provas". Além disso, o MEC deu dois dias de dispensa aos professores, para que pudessem corrigir os exames.

 

“Mas isto já está a provocar problemas, porque só agora as escolas tomaram conhecimento do despacho que dá os dois dias aos professores, mas exige que as escolas tenham forma de garantir que os alunos ficam nas escolas”, contou Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

 

O dirigente sindical diz que alguns estabelecimentos de ensino já fizeram saber que, sem os professores classificadores, não podem manter os alunos na escola: “Acabei de falar com uma professora de Portimão, do 4.º ano, a quem não querem dar os dois dias, porque a escola não tem como ficar com os outros alunos”, contou.

 

Em declarações à Lusa, a presidente da CNIPE disse que as escolas “não estavam preparadas” para acolher esta acumulação de trabalho dos professores e que “muitos pais nem sabiam que as escolas podiam parar”.

 

Isabel Gregório teme que, a confirmar-se a paragem, sejam os pais que “mais uma vez venham a ser chamados a assegurar” o tempo que os filhos não vão poder passar na escola, tendo por exemplo de tirar dias de férias que não estavam previstos.

Jorge Ascensão, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), não espera que as escolas encerrem por causa desta questão e acredita que os estabelecimentos terão, pelo menos, capacidade de “assegurar serviços mínimos”, mesmo que isso implique que os alunos não tenham exatamente as aulas que estariam previstas nos seus horários.

 

“O despacho não existiu o ano passado e parece-me que é desnecessário. Corrigir provas sempre fez parte do trabalho dos professores, que sempre o fizeram cumprindo os prazos, mesmo que obrigasse a fazer mais um esforço”, criticou o responsável associativo, acrescentando que, até ao conhecimento do despacho, “não se tinha ouvido os professores a queixarem-se”.

 

Jorge Ascensão referiu ainda que algumas escolas vão parar na sexta-feira e na segunda-feira, por questões logísticas que se prendem com a realização das eleições europeias.

 

O presidente da Confap disse que todas estas situações conjugadas parecem saídas de “um país do terceiro mundo”, e defendeu um maior planeamento do calendário escolar, com todas as situações previstas e antecipadas até ao final do primeiro período.

 

“É preciso que as escolas, que saibam que vão ter exames em determinados dias, tenham um plano acautelado, feito com antecedência, que preveja que atividades podem ser planeadas para evitar que as crianças fiquem sem aulas ou sem a possibilidade de ir à escola”, reiterou Jorge Ascensão.

 

Por Lusa