Crianças de etnia cigana brincam na "aldeia de inserção" colocada à sua disposição pela câmara de Montreuil, perto de Paris (FOTO DE ARQUIVO/LUSA)

Num balanço do acompanhamento que tem mantido junto da turma criada no presente ano letivo numa escola de primeiro ciclo do Agrupamento de Escolas Templários, em Tomar, o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) afirma que “ainda que não se reconheça a criação desta turma como uma boa prática, tem sido possível trabalhar as competências das crianças envolvidas”.

Esse trabalho, adianta uma nota divulgada hoje pelo ACM, tem passado por “um conjunto alargado de atividades promovidas pela escola e em articulação com o projeto Tomar o Rumo Certo", estando a ser feita uma aposta na abertura da escola aos encarregados de educação para “permitir um trabalho mais sistemático e estruturado”.

Segundo o ACM, neste momento não há situações de absentismo escolar entre os alunos e “as crianças abrangidas têm registado bons resultados e têm melhorado o seu comportamento em contexto de sala de aula”.

“A referida turma não será mantida, prevendo-se que no início do próximo ano letivo não exista”, sublinha o Alto Comissariado.

Em setembro, a criação da turma, com 14 alunos dos sete aos 14 anos, exclusivamente de etnia cigana, gerou alguma polémica, tendo sido justificada pela direção do Agrupamento pela necessidade de conseguir que alunos com elevado grau de absentismo conseguissem aprender a ler e a escrever.

Na altura, o diretor do agrupamento, Carlos Ribeiro, disse à Lusa que a preocupação foi criar uma turma homogénea, não pela idade mas pelo nível de aprendizagem, e que a etnia não foi um dos aspetos tidos em conta no processo.

“Olhámos à situação e procurámos a que nos pareceu ser a melhor solução quando tudo o resto falhou”, disse, sublinhando que “discriminação é ter alunos com 13/14 anos que não sabem ler nem escrever”.

A opção por uma turma pequena com alunos que necessitam de um acompanhamento mais próximo e estratégias diferenciadas é uma tentativa de “ir ao encontro” daqueles que se sentem “desfasados da forma normal de lecionação” e “conseguir que comecem a aprender”, afirmou.

“Queremos em contexto de sala de aula criar empatia e interesse em virem à escola”, adiantou, sublinhando a grande experiência da professora escolhida para lecionar a turma.

Carlos Ribeiro declarou que prefere deixar um balanço de todo o processo para o terceiro período.