“Este ano foi o ano em que trabalhando já em velocidade de cruzeiro no 2.º e 3.º ciclo tivemos os melhores resultados. Quer o 2.º ciclo quer o 3.º são as grandes áreas do problema do insucesso escolar. Com estes resultados temos um programa que está maduro, testado para trabalhar em escala quer no 2.º quer no 3.º ciclo e isso para nós é um aspeto importante para continuarmos a levar o programa a mais zonas do país e ter mais alunos a beneficiar dele”, disse à Lusa o secretário-geral da EPIS, Diogo Simões Pereira.

De acordo com os números da associação, o projeto de mediadores para o sucesso escolar permitiu acompanhar 7.451 alunos no passado ano letivo, quase o dobro face a 2013-2014, o que se explica pelo alargamento territorial do programa, que chegou em 2014-2015 às regiões autónomas da Madeira e dos Açores; pelo alargamento da parceria com o Ministério da Educação, e também da parceria com o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), instituição onde a EPIS acompanha alunos do ensino vocacional.

“O sucesso escolar dos 1.348 alunos EPIS do 2.º e 3.º ciclo acompanhados há mais de 1 ano – que permitem comparação entre anos - aumentou 16,0%, de um valor de 58,0% em 2013-14 para 74,0% em 2014-15. Este é o melhor resultado de sempre da EPIS desde que, em 2012, começou a trabalhar os dois ciclos do ensino básico em fase de disseminação”, refere uma nota da associação.

No que diz respeito ao 2.º ciclo, e tendo em conta os alunos que concluíram o segundo ano do programa de acompanhamento, o sucesso escolar aumentou dos 47,5% em 2013-2014 para os 71,5% em 2014-2015. No 3.º ciclo, para alunos com as mesmas características, o sucesso escolar aumentou, comparando os dois últimos anos letivos, de 60% para 74,5%.

As medições de resultados feitas pela EPIS indicam que aqueles alunos que foram acompanhados logo no 2.º ciclo viram “o seu perfil de risco reduzido à entrada para o 3.º ciclo”, quando comparados com outros que apenas começam a receber ajuda dos mediadores no 7.º ano, o primeiro ano do 3.º ciclo.

A EPIS tem atualmente mediadores a acompanhar 940 alunos em cursos de aprendizagem do IEFP, 889 alunos do 2.º ciclo, dos quais 355 na Madeira, e 4.743 alunos do 3.º ciclo, 523 dos quais nos Açores. Este é o nível do ensino básico com maior expressão no programa da EPIS.

Desde há dois anos que a associação desenvolve ainda um projeto-piloto com 879 alunos de escolas do 1.º ciclo da Figueira da Foz, Pampilhosa da Serra e Pombal, que obrigou a alguma adaptação do programa de trabalho com alunos de risco devido ao modelo dominante de monodocência (apenas um professor para todas as disciplinas) até ao 4.º ano.

“Significa que o nosso modelo de mediadores que trabalham com alunos fora da sala de aula nos outros ciclos de ensino não é possível no 1.º ciclo. É de facto uma adaptação grande e que em princípio só daqui a dois anos, com os resultados dos exames do 4.º ano, teremos resultados. Esta aposta no 1.º ciclo é a nossa grande aposta, porque de futuro gostaríamos de trabalhar o insucesso escolar numa lógica de prevenção e não numa lógica de remediação em que, muitas vezes, os alunos que tentamos ajudar já perderam um ou dois anos”, disse Diogo Simões Pereira.

No 1.º ciclo, não havendo margem para trabalhar individualmente com os alunos de risco, a EPIS alterou o modelo de trabalho centrando a sua intervenção no professor e na forma como este trabalha em sala de aula, introduzindo novas rotinas e uma abordagem assente numa lógica universal, dirigida a toda a turma.

“No 2.º e 3.º ciclo os mediadores têm cada um cerca de 60 alunos a seu cargo e só fazem isso. No 1.º ciclo trabalham com os professores e, depois, nos intervalos ou tempos de estudo vão reforçar o trabalho junto de alguns alunos de risco”, explicou o secretário-geral da EPIS, acrescentando que para casos de alunos com perfil de risco muito acentuado no 1.º ciclo o mediador trabalha também junto das suas famílias.

Para 2015-2016 a EPIS mantém a dimensão do programa, quer em número de alunos acompanhados, quer em número de mediadores, assim como o investimento, que atualmente se fixa nos 7,2 milhões de euros.