A música pop atual muitas vezes celebra o consumo excessivo de álcool como uma diversão e um passatempo benéfico , chegando mesmo a destacar marcas de bebidas em muitas letras, revela um novo estudo.

 

Músicas hip-hop, rap, R&B e country incluiram referências a tequila Patron, conhaque Hennessy , vodca Grey Goose e whisky Jack Daniel’s, que é destacado em metade das músicas que mencionaram álcool, segundo o estudo. Contudo, canções rock não tinham referência alguma a álcool.

 

A música pode ter uma influência particularmente forte, afirmam os investigadores, já que os adolescentes americanos gastam cerca de duas horas e meia por dia a ouvir música.

 

«Dada a forte exposição da juventude à música pop, estes resultados sugerem que a música pop pode servir como uma importante fonte de promoção do consumo de álcool entre os jovens», diz David Jernigan, co-autor do estudo e investigador na Escola Bloomberg de Saúde Pública Bloomberg, da Universidade Johns Hopkins.

 

Os resultados foram publicados online na revista Substance Use & Misuse.

 

No geral, a equipa de David Jernigan descobriu que quando o consumo de álcoo é mencionado numa canção pop é quase sempre feito de forma positiva. As desvantagens de beber em excesso – o alcoolismo, a violência, o encarceramento – raramente são retratadas.

 

O estudo foi baseado numa análise de letras de êxitos musicais presentes na lista de músicas mais populares da Billboard em 2009, 2010 e 2011. Os investigadores analisaram 720 canções para referências a álcool e a marcas de bebidas alcoólicas.

 

Quase um quarto (23 por cento) das canções mencionava álcool. Destas, 6,4 por cento mencionavam marcas específicas de bebidas alcoólicas. A referência a bebidas foi especialmente frequente em músicas rap, hip-hop e R&B, com quase 38 por cento das letras mencionando alguma forma de álcool.

 

Cerca de 22 por cento das músicas country tinha referências a álcool, assim como cerca de 15 por cento das canções pop. Na maioria das vezes, as músicas pop e country mencionavam marcas de whisky e de cerveja. As letras daquelas que têm referências a álcool muitas vezes ligavam a ingestão excessiva ao sexo, notaram os autores. Beber para ficar bêbado e consumo de álcool por menores de idade também foram incentivados.

 

Os investigadores notaram que 14 estudos de longo prazo descobriram que expor os jovens ao marketing de bebidas alcoólicas nos meios de comunicação social aumenta a probabilidade de começar a beber ou exponenciar o consumo de álcool.

 

Além do mais, «um pequeno número de marcas de bebidas alcoólicas parecem fazer aparições frequentes na música pop», diz, em comunicado de imprensa, Michael Siegel, professor na Universidade de Saúde Pública de Boston.

 

Em conclusão, a promoção do excesso de álcool na música pop e noutros locais poderá ter trágicas consequências imprevistas, declaram os autores, notando que todos os anos há pelo menos 4.700 mortes relacionadas com o álcool envolvendo jovens menores de idade, nos Estados Unidos da América.

 

 

Maria João Pratt