A amamentação tem sido uma bandeira de organizações mundiais, alertando as mães para os seus benefícios. A Academia Americana de Pediatria recomenda, sempre que possível, a amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida.

Amamentar o bebé reforça o sistema imunitário e pode prevenir as alergias. No caso das mães, diminui o risco de desenvolver, mais tarde, cancro da mama.

Mas a ciência ainda tem dúvidas se a amamentação tem uma influência direta ao nível cognitivo, nomeadamente o quoeficiente de inteligência e comportamento.

Um estudo recente, publicado na revista Pediatrics, demonstrou que a amamentação isoladamente e por si só (descartando outros fatores, como por exemplo, os hábitos da mãe durante a gravidez) não teve um impacto cognitivo e estatisticamente relevante nas crianças que foram amamentadas, pelo menos, durante seis meses. Os investigadores verificaram que apesar de aos três anos de idade as crianças serem menos hiperativas, esse efeito desaparece quando atingem os 5 anos.

De acordo com uma das autoras do estudo, não foi possível encontrar uma relação causal direta entre o aleitamento materno e os resultados cognitivos nas crianças.

O estudo teve como base a análise a 7.500 crianças irlandesas. Para avaliar o comportamento das crianças foram pedidas informações tanto aos pais como aos professores. O objetivo era perceber se estas crianças aos três anos e depois aos 5, apresentavam problemas comportamentais, de vocabulário e quais as suas competências cognitivas.

Nesta análise, também foram considerados outros fatores além da amamentação: como o nível de educação das mães e a ausência de comportamentos de risco durante a gravidez . E quando estes foram adicionados, foi mais difícil diferenciar o benefício do leite materno destas outras características e que também podem influenciar mais tarde o QI das crianças. Estatisticamente, não foi possível avaliar um impacto cognitivo vindo exclusivamente da amamentação e que se prolongasse na criança mais tarde.

Nas conclusões do estudo pode ler-se "Não foi encontrado um suporte estatisticamente significativo aos 5 anos de idade, sugerindo que o benefício observado anteriormente aos 3 anos de idade a partir da amamentação não foi mantido quando a criança entrou na escola".

No entanto, continuam a haver estudos que relatam os benefícios da amamentação em várias fases da vida do bebé. Como por exemplo, o estudo da Universidade de Pelotas, no Brasil, e que foi publicado na revista The Lancet Global Health. Este foi um dos mais recentes e maiores estudos feitos sobre a influência da amamentação no bebé e depois na vida adulta.

Investigadores analisaram o desempenho de 3.500 crianças nascidas em 1982 e amamentadas durante períodos distintos. Após 30 anos, os investigadores constataram que o leite materno foi benéfico para todos, em relação aos não amamentados através do peito materni; e que o benefício foi proporcional à duração da lactância.

Segundo os investigadores, os amamentados com leite materno durante um ano apresentaram um coeficiente intelectual 4 pontos superior aos amamentados durante menos de um mês. Também apresentaram uma escolaridade mais longa (quase um ano) e um rendimento superior à média em um terço.

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