Uma esmagadora maioria dos professores de escolas com maior taxa de retenção defende que há vantagens em chumbar os alunos. No total, 87% dos professores das escolas com insucesso escolar acima da média nacional afirma que algumas crianças precisam de mais tempo para aprender e que, aos seis anos, muitas revelam imaturidade.

Esta é uma das principais conclusões do estudo da EPIS “Aprender a ler e a escrever em Portugal” sobre a retenção no 1.º ciclo, coordenado por Maria de Lurdes Rodrigues e por uma equipa de investigadores composta por Isabel Alçada, João Mata e Teresa Calçada.

O mesmo estudo conclui que, no universo de 25% de alunos com dificuldades acima da média, 44% revela défice de competências na aprendizagem da Leitura e da Escrita.

Esta é a principal lacuna apontada pelos professores para a decisão de levar o aluno a repetir o 2.º ano de escolaridade. As crianças chumbam por não lerem bem, por não terem atingido os objetivos do programa na leitura e na escrita, seja no processo de leitura ou no domínio do vocabulário.

A investigação analisou 3.866 escolas públicas do 1.º ciclo do ensino básico no ano letivo 2013/14. Neste universo, identificou 541 estabelecimentos de ensino com níveis de repetência superiores à média nacional, e com base na referenciação destas escolas com insucesso escolar ao nível organizacional e geográfico (concelhos com maior incidência), foi definida uma amostra representativa deste universo de 127 escolas.

O trabalho de observação e recolha de informação foi realizado através de entrevistas a dirigentes – 127 diretores ou coordenadores de escola – e a professores do 1º ciclo com turmas do 1º e do 2º ano de escolaridade, ou com turmas mistas – 245 professores.

Os almoços das escolas de todo o mundo