Se os embriões criados durante um ciclo de FIV ou ICSI não forem todos transferidos, os casais podem decidir pela sua criopreservação (congelação e armazenagem) em azoto líquido, a -196ºC, para que possam ser utilizados numa tentativa posterior, para terem um segundo filho ou caso a primeira não dê um resultado positivo.

 

A decisão sobre o destino dos embriões criopreservados é da responsabilidade do casal, podendo estes serem igualmente doados a outro casal, doados para investigação científica ou destruídos. De qualquer modo, é sempre o casal que decide o destino a dar aos embriões criopreservados, que podem permanecer armazenados por um período máximo de três anos, renováveis por mais três.

 

Anualmente as clínicas de Medicina da Reprodução estabelecem contacto com todos os casais cujos embriões estejam armazenados nos seus contentores de criopreservação, pelo que é importante que os casais, caso mudem de residência ou contactos, mantenham essa informação atualizada. Para que a criopreservação possa ocorrer, os embriões são guardados no interior de um líquido crioprotetor especial, que os protege contra eventuais danos que o processo de criopreservação possa provocar.

 

Nem todos os embriões são suscetíveis de serem criopreservados: só os que se tiverem desenvolvido normalmente e que não apresentem níveis significativos de fragmentação é que têm condições para passar pelo processo de congelação e descongelação.

 

É também importante que os casais tenham a noção de que, mesmo com todos os cuidados de segurança, há embriões que não sobrevivem ao processo de criopreservação e descongelação para utilização em novo ciclo de tratamento. É por esta razão que por vezes pode ser necessário descongelar mais embriões que aqueles que se está a pensar transferir nos ciclos de tratamento com transferência de embriões criopreservados.

As taxas de sucesso da transferência de embriões criopreservados

 

As probabilidades de sucesso dos ciclos de tratamento que envolvem a utilização de embriões criopreservados são mais baixas que as dos ciclos com embriões frescos.

 

Segundo os relatórios internacionais mais recentes, as taxas de sucesso para os ciclos com transferência de embriões criopreservados (gravidez clínica confirmada ecograficamente por transferência de embriões) são de cerca de 25%.

 

Embora muitas vezes as taxas de sucesso dos tratamentos de PMA tendam a ser consideradas demasiado baixas, não nos devemos esquecer que nas situações em que há conceção natural a probabilidade de sucesso é semelhante: apenas 20 a 30% das tentativas resultam em gravidez. Por outro lado, é importante que os casais tenham em conta que a probabilidade de terem realmente um filho é ligeiramente mais baixa pois, tal como acontece nos casos em que a conceção se faz do modo natural, algumas mulheres não conseguem levar a gravidez a termo e correm o risco de abortar espontaneamente.

 

Segundo todas as normas de orientação clínica internacionalmente aceites, há um limite para o número de embriões a transferir em cada ciclo de FIV ou ICSI, relacionado com a necessidade de se evitar os riscos associados a uma gravidez múltipla (de gémeos, trigémeos ou por vezes até mais fetos).

 

Assim, é aconselhável que não se transfiram para o útero mais que dois embriões num determinado ciclo de tratamento. Ou seja, de entre os embriões produzidos durante o procedimento de FIV ou ICSI, selecionam-se os melhores (há critérios técnicos objetivos relacionados com características morfológicas e de desenvolvimento que ajudam a escolher os embriões) para serem transferidos para o útero e criopreservam-se os restantes, desde que sejam também considerados viáveis e possuam condições para poderem ser utilizados num tratamento futuro.

 

No entanto, é aos casais que cabe a decisão sobre o destino a dar a estes embriões excedentários: a criopreservação só é feita se o casal assim o desejar, salvo eventuais condicionamentos legislativos.

 

Depois de criopreservados, os embriões são armazenados em contentores de azoto líquido próprios para o efeito, cabendo aos casais o pagamento de uma anuidade para ajudar nas despesas de manutenção.

 

A criopreservação de embriões tem a vantagem de, caso os casais decidam fazer um novo ciclo de tratamento (para terem outro filho ou porque a primeira tentativa falhou), já não é necessário que voltem a passar pelo dispendioso e por vezes difícil processo de estimulação ovárica (que implica a administração de injeções de medicamentos estimuladores da ovulação), punção para recolha de ovócitos e subsequente fertilização pelo método de ICSI ou FIV.

 

Nos ciclos com embriões criopreservados não existem os riscos relacionados com o uso dos medicamentos estimuladores da ovulação ou o risco do Síndroma de Hiperestimulação Ovárica. Caso os casais decidam que já não vão utilizar os embriões que se encontram criopreservados numa determinada clínica (pública ou privada), existem as seguintes possibilidades, cabendo sempre a decisão ao casal:

 

- Os embriões poderão ser doados a outro casal, sendo a doação gratuita e sem quaisquer contrapartidas financeiras;

 

- Os embriões podem ser doados para investigação científica;

 

- Os embriões podem ser destruídos. Os centros de Procriação Medicamente Assistida legalmente autorizados para trabalhar em Portugal contactam anualmente todos os casais que possuem embriões criopreservados nas suas instalações. É importante que os casais com embriões criopreservados comuniquem à clínica eventuais alterações de morada ou contactos telefónicos.

 

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