Quando a gravidez acontece, alterações hormonais tomam conta do corpo da mulher. Mas não só. Também surgem alterações emocionais urgentes que ela terá de aprender a gerir, ao mesmo tempo que tem de enfrentar crenças e preconceitos relativamente ao seu novo estado. Nos homens, também o desejo sexual e de atividade sexual pode conhecer outros contornos. E, no limite, os mitos relativamente à gravidez, presentes em ambos os elementos do casal, poderão ditar novas regras de relacionamento.

No primeiro trimestre, ao mesmo tempo que novos pensamentos invadem a mulher, esta começa a sentir pequenas alterações físicas, corporais e sintomas que podem fazer diminuir o seu interesse sexual. Entre muitos outros, a vagina fica mais sensível, a tensão mamária aumenta e podem surgir náuseas e vómitos. No segundo trimestre, porque ocorre uma diminuição dos desconfortos iniciais, o desejo sexual pode reacender, voltando a diminuir uma vez mais no último trimestre, pois os desconfortos voltam a aumentar, entre eles a fadiga.


A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO

A experiência da gravidez não é vivida da mesma forma por todas as mulheres; umas sentem o interesse sexual aumentar, outras diminuir, podendo o mesmo acontecer com o homem face ao corpo da companheira em mudança. Mas «o importante é mesmo que o casal possa falar no assunto, no que cada um está a sentir, e encontre formas de se relacionar afetivamente durante este tempo», refere a psicóloga clínica Marta Crawford, sublinhando que o fundamental é que o casal mantenha a intimidade. «Porque há a ideia de que a partir do nascimento do bebé tudo se resolve, e não é assim. Esta fase é mais difícil do que aquela em que eram só dois, é um momento de adaptação.»

O estudo sobre a sexualidade na gravidez, levado a cabo o ano passado pelas especialistas portuguesas, demonstrou que para algumas mulheres e companheiros «a existência do feto é perturbadora quer pelo receio de magoá-lo com práticas coitais, quer pela sensação de que ‘o bebé está a ver’», explica, por seu turno, a psicóloga clínica Patrícia Pascoal, acrescentando que também existe o receio de que o sexo possa precipitar o parto. De qualquer forma, esclarece que a globalidade dos casais que entraram no estudo português referiu manter uma vida sexual satisfatória durante a gravidez.

 

Teresa Abreu

Psicóloga clínica