Esta doença manifesta-se em três fases: primária, secundária e terciária ou latente sendo que nas duas primeiras fases é extremamente contagiosa.

O período latente da Sífilis dura em média cerca de três semanas após a infeção. O Treponema pallidum infeta o paciente através de lesões microscópicas nas mucosas durante a relação sexual e dissemina-se por todo o organismo não existindo sintomas associados à disseminação generalizada durante este período.

A Sífilis Primária ocorre geralmente três semanas após a infeção até aproximadamente três meses e os doentes manifestam úlceras indolores (cancro duro) localizadas no ponto de exposição à bactéria, como lesões na região perianal, na cavidade oral e nos genitais externos.

Se o doente permanecer sem tratamento a doença pode evoluir para a Sífilis Secundária que ocorre habitualmente 1,5 meses após a infeção e se a lesão da Sífilis primária ainda persistir, desenvolve-se simultaneamente. A Sífilis Terciária pode ocorrer em cerca de 1/3 dos doentes de Sífilis não tratados e caracteriza-se pela inflamação em alguns órgãos.

A Sífilis Congénita

Além de transmissível por contacto sexual, a Sífilis é igualmente transmitida pela placenta da mãe para o feto, durante a gestação, designando-se por Sífilis Congénita. Os riscos da Sífilis na gravidez estão relacionados com a possibilidade da mãe infetar o feto através da placenta, principalmente se a Sífilis estiver na fase inicial onde é extremamente contagiosa. O contágio acarreta inúmeros riscos para o feto como risco de parto prematuro, baixo peso à nascença, e sequelas ao nível da audição, visão, e sistema neurológico.

A Sífilis é atualmente um grave problema de saúde pública, pois caso a gestante não seja devidamente acompanhada ou realize o tratamento de forma inadequada graves patologias podem afetar o feto. Assim, o rastreio Pré-Natal é bastante importante e o tratamento durante a gravidez diminui as complicações fetais e neonatais que estão associadas a esta doença.

O VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) é o exame laboratorial ao sangue mais comum e sensível no despiste da Sífilis. É realizado através de uma colheita de sangue simples. Deve ser realizado no início do Pré-Natal e repetido no terceiro trimestre, mesmo que o resultado seja negativo, uma vez que o feto pode ficar com problemas neurológicos se a mãe estiver infetada com Sífilis.

O resultado do teste VDRL apresenta-se como reativo ou não reativo. A interpretação dos valores obtidos no exame VDRL é realizada em diluições, em que 1/4 significa que o anticorpo da Sífilis foi identificado até 4 diluições e 1/32 significa que se pode identificar o anticorpo da Sífilis se o sangue for diluído 32 vezes. Quanto maior a diluição, mais positivo é o resultado.

Se o resultado for não reativo, significa que o paciente nunca entrou em contacto com a bactéria causadora da Sífilis. Um resultado reativo indica que o doentepode ter Sífilis. Neste caso o teste tem de ser confirmado por outro teste serológico mais específico. O resultado pode surgir como reativo devido a doenças como a Hepatite, Asma, Cancro e Doenças Autoimunes, originando assim um resultado falso-positivo.

Com um resultado positivo durante a gestação, a grávida pode transmitir a doença para o feto através da placenta, se o tratamento não for corretamente seguido. Em caso de diagnóstico de Sífilis na gestante, o exame VDRL deve ser realizado todos os meses até ao final da gravidez para confirmar que a bactéria causadora da Sífilis é erradicada do organismo.

Por Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica