Sem dúvida, diagnosticar a causa desta dificuldade é tarefa que compete à Medicina, sendo que podem existir muitos tipos de problemas estruturais a nível ginecológico, urológico ou endócrino.

No entanto, muitas vezes na avaliação do problema não são consideradas outras variáveis da saúde no seu aspeto global.

Atualmente sabe-se que a malnutrição, stress emocional, stress oxidativo e envelhecimento celular são fatores que podem contribuir ou agravar problemas de fertilidade.

Tanto para qualquer casal que pensa engravidar, como especialmente para aqueles que estão a sentir dificuldades em consegui-lo, a adoção de determinados hábitos e cuidados pode ser determinante para potenciar a sua fertilidade.

Saiba quais os fatores principais que podem intervir na sua fertilidade:

1. O que come: fatores nutricionais
A alimentação é um aspeto fundamental do estilo de vida e pode ter uma influência direta ou indireta na fertilidade, considerado que:
-a exposição ambiental a toxinas de vária natureza (metais pesados, xenoestrogénios, e outros disruptores hormonais) é frequentemente ligada à dieta;
-deficiências nutricionais específicas podem afetar a qualidade espermática e o ciclo menstrual;
-a sobrecarga constante dos órgãos digestivos e excretores, tem uma série de consequências nefastas sobre qualquer aspeto da saúde, incluída a saúde do aparelho reprodutor e do sistema endócrino.

O maior estudo sobre a relação entre fertilidade e alimentação (o Harvard Nurses’ Health Study) tem de facto comprovado que existem seis vezes mais probabilidades em conceber nos casais que seguem uma dieta com baixo índice glicémico, pobre em proteínas animais e rica em proteínas vegetais, gorduras monoinsaturadas e hidratos de carbono complexos.

2. Aquilo a que está exposto
A toxicidade ambiental e a exposição profissional a determinados contaminantes tem sido associada a infertilidade, subfertilidade, perda gestacional, e outros problemas a nível fetal. Os tóxicos mais prejudiciais para a fertilidade incluem metais pesados (sobretudo chumbo, mercúrio e cadmio), pesticidas, estrogénios, compostos orgânicos voláteis e radiação.

Naturalmente a contaminação ambiental é até certo ponto, inevitável. Nem sempre podemos alterar o ambiente em que vivemos, no entanto, muito pode ser feito para limitar ao máximo esta sobrecarga, pois para além da dieta, outros hábitos podem ser modificados neste sentido. O tabaco e o álcool são exemplos óbvios, mas também existem outros fatores menos falados, como por exemplo o uso de determinados cosméticos ou produtos de limpeza, ou a auto-medicação com fármacos não sujeitos a prescrição ou suplementos alimentares mal escolhidos, ou ainda o uso excessivo de aparelhos eletrónicos, e ainda a falta de exposição à luz natural (a literatura cientifica sobre a luz e os biociclos humanos é extensa).

3. A forma como gere o stress e como este o influencia
Existe nitidamente uma relação direta entre a fertilidade e o stress. O stress é tanto uma vivência emocional como uma experiência endócrina que ocorre a nível hipotalámico e pituitário. Níveis altos de cortisol afetam negativamente o ciclo menstrual e a contagem espermática.

Os casais que encaram problemas de fertilidade, estão ainda submetidos a elevados níveis de stress adicional, chegando a precisar de apoio psicológico.

Estratégias de gestão do stress que visam o bem-estar psico-físico, como Yoga, Meditação, Auto-massagem e Acupressão, bem como as dinâmicas de partilha em grupo com outros casais, contribuem para aliviar tensões emocionais e sentimentos de isolamento.

4. O conhecimento que tem do seu ciclo menstrual
A crescente medicalização de todos os aspetos da vida sexual feminina, tem algumas consequências subtis frequentemente desprezadas. O ciclo menstrual é frequentemente anulado, durante anos, pelo uso generalizado dos contraceptivos orais. Muitas vezes, uma mulher adulta pode ter tido muito poucos períodos menstruais até o momento de tentar engravidar.

Conhecer o seu ciclo menstrual, as várias fases, utilizando técnicas como a aplicação do método sinto-térmico com as tabelas da temperatura basal e a observação do muco cervical ajuda a reconhecer naturalmente as alturas mais indicadas para engravidar e promoverá um encontro mais profundo com o seu próprio organismo e feminilidade.

Conhecer-nos a nós mesmas e como o que nos rodeia ou o que ingerimos pode afectar a nossa fertilidade, é um primeiro passo para potenciar os nossos próprios recursos para engravidar. Mas mais do que isso… é uma viagem que vale a pena!

Nota: estes e outros conteúdos serão abordados com profundidade no Programa de Apoio Natural à Fertilidade que inicia a 22 Outubro no Centro do Bebé. Saiba mais: http://www.centrodobebe.pt/servicos/programa-de-apoio-natural-a-fertilidade/

Autora: Antonella Vignati, naturopata com especialização em Acupunctura em Ginecologia, Macrobiotic Health Coach e Educadora Perinatal no Centro do Bebé
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