O parto realizado em casa, também chamado de parto domiciliar, está a tornar-se cada vez mais uma opção válida para as mulheres de todo o mundo, no entanto esta prática em Portugal não está recomendada sendo até contra-indicada. O Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos já chegou a fazer mesmo um parecer, subscrito pela Ordem dos Médicos, negativo sobre esta mesma prática.

Um parto seguro implica diversas infraestruturas específicas, além das boas condições higiénicas, que dificilmente são encontradas fora do ambiente hospitalar.

No caso da opção de parto domiciliar, as premissas acima referidas também devem ser cumpridas: o parto deve ser realizado num local com infraestruturas adequadas e com boas condições de higiene. É necessária a presença de um médico e de uma enfermeira ou parteira com experiência neste tipo de prática, e que estes tenham acesso a todos os recursos necessários para a realização de um parto.

É de extrema importância a existência de um “plano de emergência”, para que mãe e filho possam ser encaminhados rapidamente e em segurança para o hospital mais próximo em caso de complicações, já que podem ocorrer vários imprevistos.

Os principais benefícios de um parto em casa, estão relacionados com:

- Maior vínculo da mãe e filho

- Redução de analgesia de parto

- Menor número de episiotomia e partos instrumentais

- Maior sensação de manter o controlo durante o trabalho de parto por parte da parturiente

- Maior probabilidade de ter um parto vaginal espontâneo

- Facilitação do início do aleitamento materno

- Maior “humanização” do nascimento

Por outro lado, o parto fora do ambiente hospitalar pode ter maiores riscos à saúde materna e da criança. Por exemplo, o prolapso do cordão, o deslocamento da placenta, a não execução de determinados movimentos pelo feto durante o nascimento são complicações que fora do ambiente hospitalar não são resolvidas.

Em situações de complicações e emergências, o parto em casa dificulta a rápida intervenção e procedimentos médicos que podem ser importantes para salvar a mãe e o bebé.

Existem evidências científicas de que o risco de óbito fetal e neonatal é duas vezes inferior se o nascimento for assistido por uma equipe médica em ambiente hospitalar.

Fica então claro que o parto domiciliar tem grandes contraindicações, e só deve ser uma opção se:

- a grávida estiver muito bem ciente dos riscos (em Portugal até só é realizado se a mãe assinar um termo de responsabilidade);

- a gravidez for muito bem acompanhada pelo pré-natal e não tiver ocorrido nenhuma complicação;

- houver a disponibilidade de profissionais de saúde habilitados e certificado para realizá-lo, bem como infraestruturas adequadas (o que se torna muito dispendioso)

- houver a possibilidade de acesso rápido ao transporte seguro e oportuno para os hospitais mais próximos com infraestrutura para atender qualquer complicação.

Autor: Vanessa Silveira

Traduzido e adaptado à cultura portuguesa pela equipe da Rede Mãe

Fontes bibliográficas:

Parecer da Ordem dos Médicos. Retrieved from:

https://www.ordemdosmedicos.pt/index.php?lop=conteudo&op=ed3d2c21991e3bef5e069713af9fa6ca&id=7cc532d783a7461f227a5da8ea80bfe1