Hoje em dia as alterações hormonais no homem durante a gravidez e o envolvimento paterno têm sido assuntos largamente estudados. Nas últimas décadas, especialistas têm investigado a ocorrência de sintomas somáticos nos homens durante a gravidez das suas mulheres equivalentes aos sintomas que as mesmas experienciam como dores de cabeça, náuseas, vómitos e alteração de peso. Esta ocorrência de sintomas nos homens designa-se síndrome de couvade.

 

Rita Gomez, investigadora do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), explica a origem da designação: «Alguns autores consideram a síndrome de couvade como o equivalente moderno dos rituais couvade, um conjunto de comportamentos como a simulação do parto ou restrições dietéticas que acontece socialmente com base em crenças mágico-religiosas que se observam em sociedades pré-industriais».


VIVER A PARENTALIDADE

 Autora de um estudo feito com pais portugueses, a investigadora tem acompanhado esta síndrome masculina: «O fenómeno foi identificado em 28 por cento dos pais que participaram no estudo». E acrescenta: «Estes homens reportaram maior vinculação emocional ao feto durante a gravidez e foram também considerados pelas suas mulheres como sendo homens mais participativos depois do nascimento».

 

Embora estes sintomas possam resultar de uma identificação do homem com a mulher grávida, não são necessariamente os mesmos em todos os homens, nem acontecem no mesmo momento. Uma explicação simples é que sejam uma manifestação da ansiedade do futuro pai perante a gravidez das mulheres e o nascimento dos seus filhos. Outra variável que aparece associada à vivência de sintomas somáticos na gravidez é o envolvimento paterno.

 

«Nas sociedades modernas ocidentais, os papéis de género, ou sexuais, têm estado em transição e, no que respeita à vivência do nascimento e da parentalidade, o papel do pai tem vindo a ser redefinido», refere a investigadora do ISPA. No passado o modelo tradicional era o de chefe de família, no qual o homem se ocupava principalmente do sustento familiar e da educação dos filhos mais velhos, e não se envolvia na prestação dos cuidados aos filhos mais novos. Hoje, de acordo com a investigadora, valoriza-se o envolvimento paterno em todas as esferas e idades, e já desde a gravidez, embora o papel do pai não seja tão objetivo na prática.

 

Ana Margarida Marques

 

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