Segundo a psiquiatra, também psicanalista, Celeste Malpique, é importante ter em linha de conta que a sociedade de hoje em dia tem uma exigência acrescida de qualidade. «Se o casal espera, deseja que o seu bebé corresponda às suas expectativas. Teve tempo para imaginar, para desejar, prepara-se para o receber, em ótimas condições. Ou seja, está menos preparado para a deceção”, refere a especialista, autora de diversos trabalhos de investigação científica na área da psicanálise e da psiquiatria.

Nova família

Nos primeiros tempos a seguir a uma criança nascer, a família reorganiza-se para a receber no seu seio familiar: lá em casa, de dois passam a três, ou a quatro ou mais. Segundo a especialista, muito do que foi vivido entre o casal anteriormente não volta a ser como antes, porque inicia-se um novo ciclo para todos, individualmente e como um todo.

Há um certo «caos» transformador das vidas dos casais, mas isso não significa que seja um período negativo, alerta Celeste Malpique. Pelo contrário, faz parte do processo, a mulher tornar-se mãe, o homem tornar-se pai e, quando assim for, as crianças partilharem o seu espaço com irmãos mais novos.

O mais importante é que haja um ajuste das expectativas criadas em torno da nova dinâmica familiar, continua a psicanalista: «Uma expectativa demasiado construída pode criar demasiadas certezas. Um certo grau de incerteza pode preparar melhor para a aceitação do que vier, tem mais potencialidades de transformação e de correção de expectativas demasiado rígidas».

Texto: Ana Margarida Marques

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