Atualmente a ciência permite-nos programar gravidezes e partos. Estarão os casais do século XXI preparados para lidar com a imprevisibilidade dos primeiros tempos de vida do bebé?

 

A psiquiatra, também psicanalista, Celeste Malpique lembra, em primeiro lugar, que a sociedade de hoje em dia tem uma exigência acrescida de qualidade.

 

«Se o casal espera, deseja que o seu bebé corresponda às suas expectativas. Teve tempo para imaginar, para desejar, prepara-se para o receber, em ótimas condições. Ou seja, está menos preparado para a deceçã»”, refere a especialista, autora de diversos trabalhos de investigação científica na área da psicanálise e da psiquiatria.

 

NOVA FAMÍLIA

Nos primeiros tempos a seguir a uma criança nascer, a família reorganiza-se para a receber no seu seio familiar: lá em casa, de dois passam a três, ou a quatro ou mais.

 

Muito do que foi vivido entre o casal anteriormente não volta a ser como antes, porque inicia-se um novo ciclo para todos, individualmente e como um todo.

 

Há um certo «caos» transformador das vidas dos casais, mas isso não significa que seja um período negativo. Pelo contrário, faz parte do processo, a mulher tornar-se mãe, o homem tornar-se pai e, quando assim for, as crianças partilharem o seu espaço com irmãos mais novos.

 

O mais importante é que haja um ajuste das expectativas criadas em torno da nova dinâmica familiar. «Uma expectativa demasiado construída pode criar demasiadas certezas. Um certo grau de incerteza pode preparar melhor para a aceitação do que vier, tem mais potencialidades de transformação e de correção de expectativas demasiado rígidas», conclui.

 

 

Ana Margarida Marques

 

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