Estudos de incidência estimam que 50 a 80 por cento das puérperas têm baby blues, ocorrendo em pessoas saudáveis física e psicologicamente.

 

No livro «Psicologia da Gravidez e da Maternidade», de Maria de Cristina Canavarro e com diversas opiniões de psicólogos e docentes universitários, a investigadora Bárbara Figueiredo define o baby blues pós-parto como «uma forma breve e moderada de perturbação de humor, que surge em estreita relação temporal com o parto, num número elevado de mulheres, e em consequência das alterações hormonais».

 

O mesmo entendimento tem a psicóloga clínica Rita Luz, com experiência a lidar com mulheres no pós-parto. A também investigadora explica que as mudanças de humor das puérperas têm muito a ver com a reorganização hormonal e metabólica da vivência do parto.

 

Outro fator que pode interferir após o parto é o facto de a mulher estar internada estar fora de casa e sentir um cansaço acentuado a seguir ao nascimento do filho. «Acontece ir ter com as mães por alguma razão, identificar-me como sendo psicóloga e começarem logo a chorar», refere a psicóloga Rita Luz, continuando: «As mulheres estão muito sensíveis com os sentimentos à flor da pele».

 

O SUPORTE DO PAI

De acordo com Rita Luz, «é normal sentirem-se desconfortáveis por não se estar a conseguir dar algumas respostas em relação ao bebé, por não estarem tão felizes quanto esperavam e, por conseguinte, sentirem-se culpabilizadas». Por outro lado, explica a psicóloga clínica, a própria personalidade do bebé pode desajudar a mãe nos primeiros tempos de vida: alguns recém-nascidos demoram mais tempo a regularem os sonos, as cólicas, a alimentação, oferecendo mais dificuldades na adaptação do casal ao bebé e vice-versa. «Daí ser tão importante o pai ser logo incluído desde a gravidez, para nesta fase poder estar com a mãe e apoiá-la nas tarefas», refere Rita Luz.

 

A seguir ao parto, os pais são confrontados pela primeira vez com a presença do bebé, motivo pelo qual podem emergir sentimentos como o medo, a insegurança e a desilusão, diz também Lília Brito, psicóloga clínica do Serviço de Psicologia da Maternidade Doutor Alfredo da Costa.

 

«O próprio nascimento é um processo de separação da mãe e do bebé», refere a psicóloga clínica, o que explica a importância do suporte familiar que ajuda a atenuar angústias consideradas perfeitamente normais.

 

O baby blues é assim uma fase passageira na mãe, relacionada com a grande mudança trazida pelo nascimento de um bebé e que vem implicar um mecanismo de adaptação nalgumas mães em maior escala do que outras.

 

Ana Margarida Marques

 

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