O contágio da mãe para o feto através da placenta acarreta vários riscos para o feto como a possibilidade de parto prematuro, nado morto, baixo peso à nascença, e sequelas ao nível da audição, visão, e sistema neurológico. Assim, o diagnóstico Pré-Natal da Sífilis no início do Pré-Natal é determinante, bem como o tratamento durante a gravidez, nos casos de Sífilis, diminuindo as complicações fetais e neonatais que estão associadas a esta doença.

O diagnóstico serológico da Sífilis é realizado por rotina através de testes não treponémicos (VDRL) e testes treponémicos (FTA-ABS ou TPHA). Os testes são usados para diagnosticar a infeção por Treponema pallidum, a bactéria que provoca Sífilis e o rastreio está recomendado a todas as mulheres grávidas no 1º e 3º trimestre de gravidez.

O VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) é o exame de screening mais usado no diagnóstico. O resultado é semi-quantitativo e é dado em formas de diluição, isto é, um resultado 1/8 significa que o anticorpo foi identificado até 8 diluições e um resultado 1/64 revela que é possível detetar anticorpos mesmo após diluirmos o sangue 64 vezes. Quanto maior for a diluição em que ainda se deteta o anticorpo, mais positivo é o resultado.

Tendo em consideração que o VDRL pode apresentar falsos positivos na presença de outras doenças que não a Sífilis, como Lúpus, Artrite Reumatoide ou até mesmo nas doenças hepáticas. O VDRL apresenta habitualmente um resultado positivo entre 4 a 6 semanas após a Infeção pela bactéria Treponema pallidum. Assim, se o teste for realizado um ou dois dias após o aparecimento da lesão da Sífilis, o VDRL pode ser falso negativo.

O FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption) ou TPHA (Treponema pallidum hemaglutination assay) são testes confirmatórios mais específicos e sensíveis que o VDRL. A sua janela imunológica é mais curta, podendo apresentar um resultado positivo poucos dias após o aparecimento da doença. O FTA-ABS ou TPHA também apresentam menores taxas de falsos positivos que o exame VDRL.

No teste FTA-ABS, um resultado normal aponta para uma leitura negativa no que respeita à presença de anticorpos, significando que não há infeção com Sífilis e não existiu contacto anterior com a doença. Um resultado positivo significa que o indivíduo contraiu uma infeção por Sífilis. Este resultado mantém-se sempre positivo mesmo que exista diagnóstico anterior de Sífilis e que a doença tenha sido tratada com sucesso. Por esta razão, o FTA-ABS não pode ser utilizado para monitorar a eficácia dos tratamentos da doença.

Geralmente, o VDRL é utilizado como método de rastreio da Sífilis, enquanto o FTA-ABS é usado para confirmação. Na interpretação de resultados, podemos considerar:

  • VDRL Positivo e FTA-ABS Positivo - Confirmação da presença da doença Sífilis;
  • VDRL Positivo e FTA-ABS Negativo – Aponta para a existência de outra doença que não Sífilis;
  • VDRL Negativo e FTA-ABS Positivo - Indicam Sífilis na fase inicial ou já tratada ou na fase terciária;
  • VDRL Negativo e FTA-ABS Negativo – O paciente não sofre de Sífilis.

Por Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica