A Drª Joanne Kurtzberg participou em 1988 no primeiro transplante com sangue do cordão umbilical e tratou Anemia de Fanconi com recurso ao SCU.

Durante a entrevista, Joanne Kurtzberg faz questão de reforçar a importância da utilização do SCU, partilhando que sempre acreditou nas suas potencialidades e utilidade e que o mesmo deveria ser guardado aquando do nascimento de uma criança. Especializada em pediatria e com uma subespecialização em hemato-oncologia, em 1988 participou no primeiro transplante com sangue do cordão umbilical, tendo ela própria identificado o paciente e o levado a Paris de forma a ser realizado o primeiro transplante com SCU liderado pela Prof. Eliane Glukman.

Mais tarde “tratei uma criança recém nascida com Anemia de Fanconi, doença hereditária que danifica a medula óssea. Monitorizei o paciente desde o dia em que nasceu até aos 5 anos de idade e para salvar a vida daquela criança apenas tinha para oferecer um transplante com SCU. Os pais aceitaram desde logo a minha sugestão, pois já tinham feito tudo para tentar salvar o seu filho”, refere Joanne Kurtzberg.

Mais recentemente, “concluímos com sucesso um estudo previamente aprovado pelo FDA para tratamento de crianças com paralisia cerebral com sangue do cordão umbilical e cujos pais optaram por fazer a recolha e criopreservar o sangue do cordão umbilical em bancos privados”, sublinha Joanne Kurtzberg.

O estudo envolveu 63 crianças com idades compreendidas entre 1 e 6 anos. Destas crianças, algumas eram portuguesas e uma delas tinha o SCU criopreservado no laboratório Bebé Vida. Metade das crianças foram sujeitas a uma infusão com células estaminais do SCU e a outra metade foi sujeita a um efeito placebo. As crianças que foram sujeitas à infusão das células estaminais revelaram melhorias significativas ao nível motor e cognitivo um ano após a infusão. De qualquer forma “os efeitos da infusão das células estaminais nas crianças com paralisia cerebral só são visíveis ao fim de dois anos. No entanto, alguns pais já referem que dois meses após a infusão já são visíveis melhorias principalmente na linguagem utilizada assim como na descodificação das mensagens transmitidas pelos pais”, acrescenta a pediatra.

Aos 17 meses, uma menina portuguesa com paralisia cerebral, que tinha guardado o seu SCU no laboratório português Bebé Vida participou no ensaio clínico referido acima e realizado nos EUA.

A amostra de sangue do cordão umbilical disponibilizada em Abril de 2010 estava criopreservada no laboratório Bebé Vida desde 2008. Segundo os pais da menina, esta apresentou, após a primeira infusão, melhorias significativas ao nível da coordenação dos membros superiores (conseguindo alcançar objectos e interagir com brinquedos), um maior controlo axial e cefálico, ou seja, das costas e da cabeça. Após a segunda infusão, os pais sentiram uma grande melhoria ao nível da comunicação e referiram que os músculos estavam mais relaxados e normalizados, o que permitiu a realização de movimentos voluntários.

Sílvia Martins, Administradora da Bebé Vida, laboratório de criopreservação de células estaminais, sublinha, “Durante o processo de transferência do SCU para os Estados Unidos, todos os requisitos de qualidade foram rigorosamente cumpridos, bem como os procedimentos impostos pelo centro de terapia – Universidade de Duke. Ficámos muito felizes com os resultados da intervenção e temos a certeza que em breve, outras aplicações terapêuticas do SCU serão colocadas em prática”.

Já Joanne Kurtzberg, comentou na altura da entrevista a sua esperança no bom acolhimento da sua entrevista por parte da comunidade médica, “mesmo aqueles [médicos] que continuam a não aconselhar a criopreservação e a descartar o sangue do cordão umbilical”, conclui.

Atualmente, a ciência continua o seu caminho na investigação e todos os dias surgem novas potencialidades de utilização do sangue do cordão umbilical através de terapias terapêuticas.

Bebé Vida

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