Se gostava de aumentar o peito e já foi ou pensa ser mãe em breve, fique a saber mais sobre o procedimento, o pós-operatório, as limitações e os cuidados a ter.

Acabe com dúvidas que a impedem de tomar a decisão! Aumentar o peito já começa a ser uma prática comum.

Mas se a democratização da colocação de implantes mamários contribuiu para estimular a autoestima de muitas mulheres, não deixaram de existir alguns medos, preconceitos e tabus sobre este procedimento, sobretudo no caso das mulheres que já foram mães.

Neste artigo, e com a ajuda de Francisco Falcão de Melo, cirurgião plástico, procuramos responder às dúvidas mais inquietantes das potenciais interessadas, para que possam tomar uma decisão consciente e informada.

Quanto tempo se deve esperar para colocar implantes depois de se ter dado à luz?

«Aconselho geralmente entre seis a nove meses depois de ter terminado a amamentação. Isto porque é necessário que a mama deixe de segregar leite, que o peso estabilize e, mais importante, que o volume da mama se defina. Também é um período extremamente importante na relação entre a mãe e a criança, pelo que é de bom senso estimular essa relação e não a interromper com uma cirurgia. Esta última opinião é muito pessoal, pelo que não deverá constituir um critério de exclusão, mas sim um ponto de reflexão», explica o especialista

Os implantes prejudicam a amamentação?

«Se forem colocados pela via sub-mamária ou pela axila, não deverão ter qualquer interferência», revela Francisco Falcão de Melo.

Os implantes podem ser prejudiciais à saúde?

«Os implantes comummente utilizados não deverão ser prejudiciais à saúde. As pacientes que pretendem aumentar o peito deverão certificar-se junto do seu médico de que os implantes utilizados cumprem as diretivas de fabrico e de qualidade exigidas pelo organismo regulador, neste caso, o Infarmed. Os implantes mamários são dispositivos médicos constituídos por um invólucro de silicone e uma substância de preenchimento, geralmente, gel de silicone ou soro fisiológico. O invólucro pode ser liso ou texturizado (rugoso), sendo que os implantes mais modernos são, na sua grande maioria, texturizados», explica o médico.

«Do mesmo modo, o gel de silicone evoluiu para um gel coeso, o que permite uma maior efetividade na contenção do gel e, ao mesmo tempo, no fabrico de implantes anatómicos (com uma forma estável)», refere o especialista.
Muito se discutiu sobre a possibilidade de os implantes causarem ou potenciarem doenças do foro reumatológico, autoimune ou mesmo cancro da mama.

«Tal relação não foi confirmada e a diretiva europeia de 23 de junho de 2003 (EQUAM) assim o atesta. Contudo, o facto do implante em si mesmo não ser causador de doenças, não significa que a cirurgia esteja isenta de riscos», assegura.

«Esta pode ter complicações comuns a qualquer outra cirurgia, como infeções, hematomas, deslocação ou rotação da prótese ou, ainda, uma complicação mais tardia, como a contração da cápsula (espécie de membrana cicatricial que envolve o implante) e, assim, causar deformidade ou dor», acrescenta o especialista.

Quais as próteses mais indicadas? Anatómicas ou redondas?

«Ambas podem ser utilizadas e não há uma melhor do que a outra. A escolha da prótese não deve ser padronizada, quer quanto à forma, quer quanto ao volume, deve ser adaptada a cada situação. Por exemplo, há situações em que se usam próteses anatómicas de diferentes volumes para corrigir assimetrias e outras em que a melhor solução será uma prótese anatómica num lado e uma redonda no outro», sublinha.

«Tudo depende do caso em questão. A seleção do implante (forma, dimensão e volume) é decisiva na obtenção de um bom resultado e na prevenção de complicações», destaca ainda Francisco Falcão de Melo.

Qual é a melhor técnica de colocação e porquê?

De acordo com o referido cirurgião «a melhor técnica é a que melhor se adapta a cada caso e aquela com a qual o cirurgião está mais familiarizado». Todas têm vantagens e desvantagens e é também uma questão que deve ser abordada na consulta e explicada porque uma está mais indicada do que outra. «Por exemplo, no caso de uma mama pequena com uma aréola pequena e um polo inferior pouco expandido, opto pela via sub-mamária. No caso de uma mama com atrofia pós-amamentação, excesso de pele e uma aréola grande, opto pela via peri-aréolar», esclarece o médico.

O que se sente no peito depois de se colocarem os implantes?

«Inicialmente, sentir-se-á uma pressão sobre o peito, mais ou menos dolorosa», assegura o especialista.

«Esta sensação irá melhorando, sendo que, no dia seguinte, a paciente conseguirá mobilizar os braços e ser autónoma nas suas necessidades diárias», refere ainda.

«Enquanto estiver em ambiente hospitalar, poderá ser ministrada medicação que aliviará estas queixas», explica o especialista.

«Quando voltar a casa, os analgésicos de uso comum serão suficientes e, na maioria dos casos, deixam de ser necessários após o 5º-7º dia da cirurgia», menciona o cirurgião. «Nos primeiros 15 dias há algum edema, que também desaparecerá no primeiro mês após a cirurgia», afirma ainda este especialista português.

«Depois desta fase, existe uma sensação de corpo estranho que pode demorar algum tempo a resolver mas, na maioria dos casos, desaparece entre o primeiro e o segundo mês. Estes incómodos são largamente suplantados pela gratificação quase imediata desta cirurgia», explica cuidadosamente.

Qual o tipo de sutiã mais adequado depois da operação?

«Um sutiã confortável, com boa contenção e suporte. Aconselho um sutiã de desporto que seja facilmente ajustável, pois a mama sofrerá algumas variações de volume nos primeiros 15 dias», conlui, por fim, Francisco Falcão de Melo.

Texto: Sandra Diogo com Francisco Falcão de Melo (cirurgião plástico)