Os números falam por si: atualmente, a nível mundial, existem 168 milhões de crianças vítimas de trabalho infantil, o que se traduz em 11% da população infantil no seu todo. Apesar dos últimos dados disponíveis serem de 2012, os números são alarmantes e dão que pensar.

Cerca de 85 milhões de crianças, com idades compreendidas entre os 5-17 anos, são obrigadas a desempenhar tarefas perigosas que colocam em risco não só o seu bem-estar e segurança mas como seu desenvolvimento e permanência na escola.

Em termos geográficos o relatório elaborado pelo Internacional Labour Office (ILO) refere que a África subsariana é a zona do mundo com maior taxa do trabalho infantil onde 1 em cada 5 crianças é obrigada a trabalhar em condições deploráveis. Ou seja, no total estamos a falar de 59 milhões, sendo que quase metade desempenha tarefas perigosas diariamente.

A Ásia e a região do Pacífico seguem-se na lista das regiões com mais trabalho infantil que, combinadas, ultrapassam os 77 milhões de crianças.

Em termos de género, o sexo masculino está em maioria: 99,8 contra 68,2 milhões de raparigas. Mas em termos de faixa etária reparamos que existem ligeiras diferenças: se por um lado há mais rapazes entre os 5-17 anos a desempenhar tarefas perigosas, vemos que à medida que a idade diminui - 5-11 anos – são as raparigas que ultrapassam os rapazes.

Dos 168 milhões de crianças vítimas de trabalho infantil, grande parte trabalha na agricultura, considerado um dos três setores mais perigosos segundo o relatório. Trabalhar em quintas, produção de gado e pesca são algumas das tarefas que milhões de crianças são obrigadas a desempenhar no seu dia a dia. A mineração, a manufatura e o turismo são outros dos sectores onde o trabalho infantil é uma realidade.

Em Portugal o problema está praticamente erradicado, existindo apenas muitos poucos casos anualmente. Recorde-se que 2016 foi decretado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) como o ano de luta contra o trabalho infantil. Numa conferencia sobre o tema, que teve lugar em fevereiro, o especialista da Organização Internacional do Trabalho (OIT) referiu que um dos objetivos da organização é erradicar por completo este flagelo até 2025.

"Os países fazem a si mesmos uma chamada de atenção para ver de que maneira se podem equipar melhor para chegar a 2025 declarando-se se não livres de trabalho infantil, pelo menos com uma redução aos níveis mais baixos possíveis", referiu Ramirez Machado.