Na verdade, pode-se argumentar que a maioria das crianças não desenvolve problemas de agressividade porque se deparam com oportunidades de vivenciar intensas emoções negativas quando bebés, envolvem-se em agressões nos primeiros anos de vida, porém são desencorajadas de vários modos a repetir comportamentos inaceitáveis.

Quando obstáculos importantes impedem que a criança desenvolva tais estratégias, ela tende a um funcionamento emocional e comportamental debilitado, resultando em deficits consideráveis nas suas relações sociais com os adultos cuidadores e com os seus pares.

Na socialização da criança, respostas inadequadas dos cuidadores a desequilíbrios emocionais e comportamentais em crianças pequenas parecem aumentar o risco de problemas posteriores de agressividade. Respostas inadequadas incluem respostas insuficientes (reações passivas ou desvinculadas) e respostas exageradas (reações ríspidas).

Quando a criança não controla os impulsos agressivos

Crianças que têm pais com valores antissociais ou com dificuldade em regular os seus próprios impulsos agressivos prestam pouca atenção às outras, que têm problemas de linguagem, hiperatividade ou impulsividade, têm mais dificuldades, maior isolamento e rejeição. Tudo indica que nos casos de agressão que ocorrem na sociedade há uma falha básica da família no seu papel contentor dos impulsos agressivos.

O desenvolvimento da agressividade na infância, nomeadamente a capacidade de a integrar ou usar sob controlo, está associado a uma multiplicidade de fatores, tais como práticas parentais inadequadas ou baixo estatuto socioeconómico. Além disso, muitos fatores de origem neurológica, fisiológica e genética, que são associados ao desenvolvimento da agressão, podem ser remetidos à primeira infância, e até mesmo a períodos anteriores.

De notar que a agressividade para além dos 4-5 anos associa-se a problemas relacionais na adolescência com os pares e os adultos, dificuldades académicas, depressão e delinquência.

Texto: Teresa Abreu
Edição: Ana Margarida Marques
Autores consultados Winnicott, Pediatra e Psicanalista; Alicia Fernandez, Psicopedagoga; T. B. Brazelton, Pediatra; Joshua Sparrow, Pediatra

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