As Perturbações do Espectro do Autismo (PEA) apresentam, dentro de uma tríade de caraterísticas ao nível da comunicação, socialização e do comportamento, manifestações que variam não só na sua intensidade como no tipo de sintomas que as caraterizam, em cada uma destas áreas.
Neste contínuo podemos encontrar crianças que apresentam uma capacidade de comunicação limitada, com comportamentos estereotipados a nível verbal, motor ou na exploração daquilo que as rodeia, alterações sensoriais e comprometimento da capacidade de relação com os outros, sendo estes casos mais facilmente identificados.

 

Contudo, ainda dentro deste contínuo, podemos também encontrar crianças em que se destaca maior rigidez cognitiva, maior sensibilidade à alteração de rotinas e a presença de interesses restritos, aos quais muitas vezes dedicam grande parte do tempo, acabando, em algumas situações, por adquirir competências em áreas de interesse delimitadas que chegam a surpreender quem as rodeia.

 

Por vezes, são menos evidentes, embora presentes nos casos referidos, alterações na qualidade da relação com os pares, nem sempre implicando isolamento social, mas alterações que frequentemente resultam em dificuldades sociais e na necessidade de apoio a este nível. São ainda motivo da procura de apoio dificuldades de organização, na flexibilidade do pensamento e raciocínio, no planeamento e na regulação comportamental (ao nível das denominadas “funções executivas”), contrapondo com a presença de competências e capacidades mais desenvolvidas noutras áreas (por exemplo, memória visual).

 

Sendo perturbações do desenvolvimento, as PEA assumem um caráter dinâmico e, portanto, estas caraterísticas vão-se alterando com o tempo, acarretando diferentes implicações, nomeadamente na aprendizagem.

 

Dada a variabilidade existente nas PEA, é importante que, em cada caso, se avaliem e identifiquem estratégias e recomendações diferenciadas, facilitadoras do processo de aprendizagem, nas diferentes etapas do desenvolvimento. Podem, ainda assim, destacar-se algumas das necessidades mais frequentes na aprendizagem nas crianças com PEA, nomeadamente:

 

•    necessidade de estrutura e previsibilidade (horários, listas de trabalho, pastas ou gavetas com identificação do trabalho a realizar);

•    apresentação visual de conteúdos (através de esquemas, ilustrações e pistas visuais);

•    recurso a materiais e estratégias compensatórias para organização e planeamento do trabalho;

•    decomposição de questões e informações complexas;

•    recurso a exemplos e materiais concretos;

•    recurso a linguagem objetiva, sem segundos sentidos ou metáforas;

•    aplicação de estratégias motivacionais, recorrendo a áreas de interesse pessoal e planos de trabalho com reforços frequentes;

 

Conhecer e compreender cada criança que se insere neste universo permite saber como responder aos seus desafios e assegurar as melhores respostas para que a sala de aula seja um lugar de aprendizagem e de crescimento.


Ana Catarina Cunha

Psicóloga Clínica

ana.cunha@pin.com.pt

 

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