O período dos jogos e das brincadeiras tende a ser geralmente percepcionado como uma época de felicidade plena e total em que as coisas não se levam muito a sério.

A realidade, contudo, nem sempre coincide com essa visão.

 

Notam-se cada vez mais crianças com problemas e preocupações que, anteriormente, não eram associados a essa fase do desenvolvimento infantil. Será o seu filho uma criança verdadeiramente feliz? Eduardo Sá, psicólogo clínico ajuda-o a responder à questão.

 

«Se ele for birrento ou rabugento, de vez em quando... Se for tagarela e incapaz de tons pastel em relação a tudo o que se passa dentro dele... Se for cabeça no ar, mesmo quando tenta ser certinho. Se sonhar em voz alta... Se pedir ajuda quando está em dificuldades e saltar para o colo sempre que está triste... Se for um pouco disto tudo, tem grandes probabilidades de ser feliz», assegura o especialista.

Ingredientes essenciais

Para uma criança ser feliz precisa de «ter pais atentos capazes de legendarem tudo aquilo que ela sente de misterioso e mais ou menos ilegível dentro dela e à sua volta. Ter um sistema educativo que não coloque a aquisição dos conhecimentos à frente da boa educação. Ter tempo para ser criança, à margem do stress galopante de compromissos escolares», defende Eduardo Sá.

«É importante que os crescidos entendam que os pais bonzinhos são os maiores inimigos dos bons pais. E que, ao contrário do que imaginam, as crianças não precisam de ser empanturradas com brinquedos, pois os melhores brinquedos das crianças são os próprios pais», sublinha.

Bons exemplos

Alice D. Domar defende que os pais são os modelos mais importantes para a criança. «Ela precisa de ver que também nós cometemos erros, que aprendemos com a experiência, que superamos as discussões e, acima de tudo, que aceitamos as nossas imperfeições de uma forma saudável».

 

Se por um lado, como aconselha Tal Ben-Shahar, «os pais devem investir na sua própria felicidade para que os filhos sejam felizes». Por outro lado, a felicidade espelhada no rosto de uma criança também pode fazer muito pelo estado de espírito dos adultos. «Ver os filhos felizes dá aos pais alguma esperança», concluem Majda Rijavec e Dubravka Miljkovic.

Texto: Vanda Oliveira com Alice D. Domar (psicóloga), Dubravka Miljkovic (professora de psicologia positiva), Eduardo Sá (psicólogo clínico), Majda Rijavec (professora de psicologia positiva) e Tal Ben-Shahar (professor de psicologia positiva)