A Leucemia Linfoblástica Aguda é provocada por uma alteração no desenvolvimento das células da medula óssea, um tecido vermelho esponjoso que existe dentro dos grandes ossos, que produzem as células presentes no sangue: glóbulos brancos ou leucócitos, glóbulos vermelhos ou eritrócitos e plaquetas. Os linfócitos saudáveis, que são glóbulos brancos, participam no combate às infecções. Na LLA os linfócitos imaturos (a que se chama linfoblastos) não funcionam de forma normal.

Além disso, crescem demasiado na medula óssea, impedindo a produção das células normais; podem também invadir outros órgãos e tecidos, incluindo os gânglios linfáticos, fígado, baço, sistema nervoso central, testículos e pele.

Como é o tratamento?

O tratamento da LLA faz-se de acordo com esquemas de quimioterapia (protocolos). Numa primeira fase (indução) a quimioterapia procura levar à remissão (controlo) da doença, o que geralmente é avaliado cerca de um mês depois do início do tratamento pela realização de um novo medulograma.

A seguir o objetivo é manter esse estado de remissão, com os tratamentos de intensificação e manutenção; o tratamento tem uma duração total de cerca de 2 anos. Geralmente depois da intensificação a criança pode retomar a sua vida de uma forma quase normal (deve manter algumas restrições).

Para impedir que a leucemia cresça no sistema nervoso central, é também necessário administrar quimioterapia através de punção lombar, que será feita periodicamente. A radioterapia tem indicação quando adoença já atingiu o Sistema Nervoso Central e em crianças com alto risco de isso acontecer.

Que fatores são importantes no tratamento?

São vários os fatores que determinam o tratamento que a criança irá fazer. Os médicos analisam vários aspetos para avaliar a probabilidade de a doença responder ou não aos tratamentos – a isto chama-se grupo de risco.

Para esta classificação (risco standard, risco alto ou risco muito alto) contam a idade, o número de glóbulos brancos, a invasão de outros órgãos e as características de cada leucemia. Para isso, é importante estudar as células malignas; cada doença tem alterações próprias que são como um “bilhete de identidade” que obriga a um tratamento específico. Também é importante ir avaliando a resposta aos tratamentos.

De que forma posso ajudar o meu filho?

 

Ajudar o seu filho a compreender o que se passa é fundamental para que ele aceite a doença e colabore nos tratamentos. As crianças com cancro devem ser orientadas e seguidas num centro de oncologia pediátrica.

Estes centros fazem o diagnóstico, programam os tratamentos mais atualizados e adequados, e dão apoio social e psicológico à criança e família. Incentivar o seu filho e outros membros da família a fazer perguntas e a partilhar emoções pode revelar-se uma grande ajuda durante todo o processo.

Os efeitos secundários do tratamento podem muitas vezes ser evitados ou diminuídos com a ajuda da equipa responsável pelo seu filho; são designados de cuidados de suporte e desempenham um papel importante em todo o plano de tratamento.

Palavras que deve conhecer

Célula B: uma célula que produz anticorpos para combater as doenças

Célula T: uma célula que combate diretamente as doenças

Doença em recidiva: que reaparece durante ou após o tratamento

Doença refratária: que não responde ao tratamento

Ensaio clínico: protocolo experimental que avalia a eficácia e segurança de um novo medicamento ou esquema de tratamento

Indução: primeiro tratamento, feito em internamento, com o objetivo de controlar a doença; por isso é o tratamento mais forte, necessitando de muitos cuidados de suporte

Intensificação ou Consolidação: tratamento(s) a seguir à indução, ainda bastante intensivos, com o objetivo de melhorar o controlo da doença; podem ser realizados no internamento ou na consulta

Manutenção: tratamentos que se seguem à intensificação / consolidação, com o objetivo de manter o controlo da doença; normalmente são realizados em consulta

Medulograma: colheita e análise de uma amostra de medula óssea, retirada da zona central de um osso, geralmente da bacia Oncologista pediátrico: médico especialista no tratamento de crianças e adolescentes com cancro

Prognóstico: probabilidade de cura

Protocolo: esquema de tratamento adaptado a cada caso, usado internacionalmente

Punção Lombar: procedimento para colheita de líquido céfalo-raquidiano (líquido que está à volta do cérebro) para análise e/ou para administração de tratamento

Quimioterapia: fármacos utilizados na destruição das células tumorais

Quimioterapia de alta dose: tratamento que pretende destruir completamente a medula óssea doente; esta tem de ser substituída por células saudáveis (células estaminais) de um dador compatível (alo-transplante de medula óssea)

Radioterapia: utilização de raios-X de elevada energia para destruição das células tumorais

Que devo perguntar ao médico?

É importante manter uma comunicação regular e honesta com o seu médico, para que possa tomar decisões informadas sobre os cuidados de saúde do seu filho. Algumas perguntas que poderá fazer aos médicos do seu filho:

 

Qual é o diagnóstico? O que significa?

Pode explicar-me melhor as informações dos resultados dos exames do meu filho?

Que plano de tratamento é o mais recomendado para o meu filho? Porquê?

Quem fará parte da equipa e qual o seu papel?

De que modo a doença e os tratamentos vão afetar o dia-a-dia do meu filho? Ele poderá frequentar a escola e realizar as suas atividades habituais?

Que efeitos secundários de curto e longo prazo podemos esperar?

Quais são as probabilidades de a leucemia regressar após o tratamento?

Onde posso encontrar apoio psicológico para o meu filho? E para a minha família?

Quem devo contactar se tiver questões ou problemas?

Por Fundação Rui Osório de Castro

Conteúdo disponível em Folhetos Informativos do Portal PIPOP