Vários comportamentos podem surgir nesse período: falar de forma imatura, regressão nos hábitos de higiene, alteração do sono, irritabilidade, falta ou excesso de apetite, enurese (xixi na cama), entre outros. Geralmente não surgem de imediato, até porque, convenhamos, enquanto o bebé só come, mama e dorme, ainda não representa uma invasão real no território do mais velho.

Com o passar do tempo, o irmão começa a interagir, sorrir, gatinhar e causa um grande impacto na vida do mais velho. Ainda assim, é melhor apresentar alguns sintomas do que aparentemente fingir que está tudo bem! O que, na prática é quase impossível!

Nenhuma criança pequena deseja partilhar os seus brinquedos, quanto mais os seus pais! Abandonar o papel do bebé da família não é fácil. O que lhe trará alegrias imensuráveis no futuro causará uma sensação inicial de abandono, sensação essa que poderá ser maior ou menor dependendo dos cuidados parentais.

Comece por reservar um momento a sós com o mais velho, planeado carinhosamente.

O pai pode ser de grande utilidade neste momento! Uma ida ao jardim zoológico, comer um gelado, brincar, ler uma história, desenhar, pintar... Até porque a função do pai é retirar o filho da simbiose com a mãe, ou seja, mostrar que há um mundo além do que a criança conhece, além da relação com a mãe.

Incentive o seu mais velho a participar nos cuidados com o bebé, sem forçá-lo a assumir responsabilidades. Ajudas simples de acordo com a maturidade, tais como escolher a roupa, o sabonete, verificar se o irmão está a dormir bem, entre outras pequenas coisas, fará com que ele se encha de orgulho em ser "o grande"!

Mostre-lhe que ser o mais velho também tem as suas vantagens e vá descobrindo o que se passa na cabeça e no coração do seu pequeno!

Assim que a criança sentir que o irmão veio para somar e que o seu lugar continua garantido no coração dos pais, esses comportamentos diminuem gradualmente, pois confirma a segurança de que é amada, sem a necessidade de possuir o olhar exclusivo dos pais. Assim, as regressões transitórias melhoram a partir do momento em que a criança sente que não perdeu o seu espaço na família.

Autor: Fabiana Cabral
Traduzido e adaptado à cultura portuguesa pela equipe da Rede Mãe

Fontes bibliográficas:

T. Berry Brazelton. (1994). Momentos decisivos do desenvolvimento infantil. Ed. Martins Fontes.