Por vezes, as crianças começam, em algum momento específico, a ter este tipo de comportamento. Se for uma coisa espaçada e se só acontecer de tempos a tempos e perceber que é preguiça, sono ou cansaço. Pode ser normal e não precisa de se preocupar.

Contudo, se for um comportamento que comece a ser persistente no tempo então é preciso ter uma atenção mais profunda sobre o assunto.

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O que poderá levar o seu filho a não querer ir mais à escola? São vários os motivos: pode ser alguma coisa que não esteja a correr bem na escola, seja com os professores ou os colegas; mas também pode ser alguma coisa que não esteja a correr bem em casa (por exemplo: discussões frequentes dos pais; o nascimento de um irmão); pode ser algum medo específico ou uma fobia escolar.

Primeiro que tudo, há que perceber o motivo. Fale com o seu filho, explique-lhe as coisas e tente entender o motivo para que ele não queira ir à escola. Por vezes, nem ele próprio compreende o porquê de se sentir assim.

Pode ser bullying

Mas imaginemos que ao falar com o seu filho, entende que é uma situação de bullying. O que pode e deve fazer?

Primeiramente, terá que lhe explicar muito bem o que é o bullying e o porquê dos meninos fazerem isso uns aos outros (atenção que é um assunto delicado e o seu filho irá absorver tudo aquilo que disser).

Depois, terá de falar com a escola que tem medidas para casos de bullying – por exemplo, falar e castigar os agressores e proteger as vítimas (mas a situação tem de ser identificada).

Paralelamente a isto, parece-me muito relevante procurar ajuda de um psicólogo, para trabalhar todas estas questões com o seu filho. Não se esqueça que o bullying é um assunto delicado, que traz muito sofrimento às crianças (assim como às famílias) e, por isso, deve ser tratado com uma sensibilidade e delicadeza específicas.

O bullying pode surgir por uma série de motivos diversos (normalmente são físicos). Um dos motivos mais apontados, segundos os estudos, é a obesidade infantil. Uma criança que sofra de excesso de peso ou obesidade tem mais 60% de probabilidade de sofrer de bullying do que uma criança com um peso considerado normal.

Além do bullying, o excesso de peso e/ou obesidade acarretam uma série de consequências físicas e psicológicas para o seu filho. Claro que gosta de o recompensar com o seu gelado preferido ou com uma fatia de bolo, enquanto ele vê o programa preferido na televisão.

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Isso é aceitável e todos (ou quase todos) os pais o fazem. É uma maneira de agradar o seu filho e de o compensar (mesmo que seja inconscientemente) por alguma razão. Mas isto está errado. Não o deve compensar com comida (se bem que é sempre o mais fácil de fazer).

Para além de todas as consequências imediatas (ganho de peso, por exemplo), as consequências futuras também vão surgir: dependência emocional de comida, ou seja, quando estiver triste ou zangado no futuro, poderá compensá-lo imediatamente com comida – e esse é um fator para a obesidade aumentar. Portanto, uma das melhores formas de o compensar é elogiando-o.

Temos que elogiar as nossas crianças e recompensá-las por todas as coisas boas e bonitas que fazem.

Diga “muito bem filho”, dê um abraço ou um beijinho, leve-o a passear, leve-o ao parque ou a ver os animais no Jardim Zoológico. Seja aquilo que for, esteja sempre ao lado dele, pois as crianças precisam incondicionalmente dos pais e do carinho dos pais. E entenda-o!

Não entre logo a disparatar e a ralhar porque ele não quer ir à escola. Compreenda o que poderá estar por trás disso e, seja qual for a situação, se este comportamento persistir, tem de procurar ajuda de um psicólogo.

Um artigo da psicóloga Mafalda Leitão das Clínicas Em Forma.