O Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI) afirma “quanto mais precocemente forem acionadas as intervenções e as políticas que afetam o crescimento e o desenvolvimento das capacidades humanas, mais capazes se tornam as pessoas de participar autonomamente na vida social e mais longe se pode ir na correção das limitações funcionais de origem.”

 

Ser Pai significa passar grande parte do seu dia a antecipar, agilizar, organizar, criar, desenvolver e promover o bem estar do seu filho. No entanto, no que respeita à saúde preferimos agir rapidamente recorrendo a um especialista que saiba analisar e tratar no mais curto espaço de tempo. A intervenção preoce é uma medida intermédia. É um apoio disponível e dirigido à criança, bem como a família interveniente, que atua perante os primeiros sinais desviantes do desenvolvimento, antes de ser necessário ou possível ser feito qualquer diagnóstico.

 

Devem ser tomadas medidas no sentido de avaliar o desempenho, perceber a(s) causa(s) e medir o impacto a curto e longo prazo, sem ser necessário existirem manifestações acentuadas, permitindo assim atenuar o seu efeito quando se manifestam.

 

Isto é fundamental para que seja desenvolvida uma abordagem funcional, direcionada à problemática com o objetivo de atingir melhorias rápidas com menor prejuizo na qualidade do desenvolvimento global da criança.

 

A intervenção precoce em Terapia da Fala centra-se na promoção de uma comunicação eficaz e funcional da criança, contribuindo positivamente para a sua participação e interação social. Procura providenciar experiências reais tendo em conta a sua faixa etária e ambiente social, maximizando o seu desempenho, permitindo, assim, a generalização para todos os seus contextos de vida diária. De uma forma geral, pretende desenvolver estratégias de forma a potencializar as suas áreas fortes para que daí seja possível a transferência para outros níveis de aprendizagem/desempenho e reduzir o impacto das suas áreas fracas.

 

Inúmeros são os benefícios quando intervimos de forma rápida e direcionada para o comportamento/manifestação desviante antes da entrada no primeiro ciclo onde as exigências se amplificam e diversificam, podendo criar um overload no desempenho da criança.

 

E porque é que o envolvimento dos Pais é tão importante? Porque é que é essencial que a Educadora seja requisitada variadíssimas vezes para a passagem de informação e colaboração no trabalho a ser desenvolvido? Comunicar implica um processo dinâmico que é moldado por fatores intrínsecos à criança e a sua interação com o ambiente (ASHA). Sendo um processo contínuo, a colaboração dos Pais e todos os envolvidos na vida diária da criança é essencial e decisiva no decurso das aquisições e aprendizagens. É importante conhecer e compreender as competências, necessidades e perfil de funcionamento da criança para que o trabalho possa ser enquadrado no rítmo e perfil de criança que temos em mãos. No fundo, permite criar uma passagem de informação contínua, aumentando a compreensão dos seus comportamentos e necessidades, através do apoio e partilha de recursos, com recurso a um treino orientado para que todos os momentos de interação criança-intervenientes possam ser mais eficazes.

 

Ana Beirão – Terapeuta da Fala
ana.beirao@pin.com.pt

 

Ana Paris Leal – Terapeuta da Fala
ana.paris@pin.com.pt