Dia de alegria para uns e de receio para outros, o início do ano escolar envolve sempre sentimentos intensos que mexem com o bem-estar dos mais pequenos.

O diálogo e a presença dos pais são fundamentais para que os filhos vivam este momento com confiança.

Desafiámos os pediatras Mário Cordeiro e Maria do Céu Machado e a psicóloga infantil Alcina Rosa a responder às principais dúvidas dos pais. Para que o seu filho comece o ano com o pé direito. E você fique mais descansado...

Como devo preparar o meu filho para o primeiro dia de aulas?

A terapeuta Alcina Rosa aconselha os pais «a valorizar a escola no diálogo com os filhos, mostrando-lhes que o que lá se ensina é importante para compreender o mundo onde vivemos. Podem contar um episódio agradável de quando foram alunos, para inverter um sentimento negativo, explicando-lhes que a ansiedade e a expetativa são naturais em situações de mudança». Por outro lado, Maria do Céu Machado, pediatra, alerta para a importância de «adquirir o material escolar antecipadamente», já que os atrasos podem deixar as crianças mais ansiosas.

É aconselhável acompanhá-lo à escola?

«As mudanças físicas são sempre fatores de stress. Por isso, os pais devem acompanhar a criança quando inicia o ensino pré-escolar, o básico e o segundo ciclo. O início de ciclo tem sempre atividades relacionadas com os pais. É importante que participem.

Do segundo ao sexto ano, os pais devem levá-la à porta da escola, mas não têm de entrar», considera Alcina Rosa. Ao chegar ao sétimo ano, adverte, «a presença exagerada da família começa a ser um fator de constrangimento perante os colegas. A criança pensa que os pais não têm confiança nela e isso não é positivo».

Devo falar sobre a escola no quotidiano?

A psicóloga clínica aconselha «a manifestar interesse pelo dia a dia do filho na escola e pelo seu desempenho. Perguntar-lhe como correu o dia, ver como é o relacionamento com os colegas e a aprendizagem. Há também que lhe criar o gosto pela exigência».

«Não o censurar ou castigar se teve uma nota menos boa, mas perguntar-lhe se ficou contente com o resultado, identificar o que esteve errado e encontrar formas de melhorar», sublinha ainda.

Como posso ajudar o meu filho a ultrapassar a timidez?

«É necessário perceber as razões. Se é porque é mais alto do que os colegas ou tem uma característica diferente, tem de lhe transmitir a ideia que isso é uma qualidade e não um defeito», refere Alcina Rosa.

«Deve evitar estabelecer muitas comparações, em especial repetitivas e negativas», afirma. 

 

«Explique-lhe que, apesar das dificuldades, ele consegue concretizar determinada tarefa, desde que tenha autoconfiança e se esforce um pouco mais», exemplifica ainda.

Em que circunstâncias devo procurar ajuda especializada?

«Quando sente que não está a ser capaz de lidar com a situação. Nestes casos, o professor também pode ser posto ao corrente da situação», indica.

Como posso ajudar o meu filho a relacionar-se bem com os colegas?

Se a criança tem dificuldade em integrar-se num grupo, a psicóloga clínica sugere que tente «perceber porque se sente incomodada. Se é porque não consegue desenvolver uma brincadeira, há que ensiná-la a fazer. Os pais podem ainda promover os encontros com os colegas».

E como deteto situações de agressão?

«Se a criança, de repente, se mostra agressiva e nervosa são sinais de alerta. Uma vítima fora de casa torna-se, geralmente, uma agressora em casa e vice-versa», considera Alcina Rosa.

«No caso de agressão verbal, deve demonstrar-lhe que as palavras feias que ouviu não são um insulto em relação a ela, mas reveladoras da falta de educação dos outros. No caso da agressão ser física, deve envolver a escola», refere ainda.

Texto: Fátima Lopes Cardoso com Alcina Rosa (psicóloga infantil), Mário Cordeiro (pediatra) e Maria do Céu Machado (pediatra)