De pequenino é que se deve cuidar o dentinho. Os cuidados com a saúde oral infantil devem iniciar-se ainda no período pré-natal. Durante a gestação, é necessário fazer-se uma alimentação variada, rica em cálcio e vitaminas, que vai ser a base do bom desenvolvimento da criança. Após o nascimento e erupção dos primeiros dentes, leve o seu filho ao dentista para que se possa detectar eventuais problemas e começar com os cuidados de higiene.

Apesar de provisórios, os dentes de leite têm um papel fundamental, uma vez que ajudam na aprendizagem da fala, na mastigação e no alinhamento adequado dos dentes definitivos. São eles que preparam o terreno da dentição futura. Por isso uma infeção, uma cárie, ou outro problema por tratar pode vir a ter influência sobre o gérmen do dente definitivo.

Prevenir em casa

A higiene oral em casa é o ponto de partida para combater os problemas dos dentes. De acordo com o médico dentista João Azevedo, para prevenir o aparecimento de cáries, é necessária «uma escovagem adequada, em que a escova passa por todas as faces do dente, demorando, em média, três minutos».

«No final, é importante escovar a língua, por ser um grande reservatório de bactérias e restos alimentares», acrescenta. O uso do fio dentário é um hábito que deve ser aprendido ainda em criança, o qual pode ser complementado com a técnica de bochechar com um elixir especial para crianças.

Lembre-se que grandes quantidades de açúcar são prejudiciais, por isso é recomendável uma nutrição equilibrada que não inclua pastilhas, gomas, chocolates e refrigerantes em excesso. Uma dieta equilibrada é fundamental para evitar a formação de placa bacteriana.

Prevenir no consultório

A visita a um odontopediatra, o especialista em dentição de bebés, crianças e adolescentes, deve ser frequente. Para além de ser ele a ensinar as técnicas de escovagem indicadas ou como usar o fio dentário, há outras medidas preventivas que são tomadas para que as crianças cresçam com dentes sãos.

João Azevedo enumera algumas dessas técnicas. «Usa-se sempre o flúor, pois é um grande instrumento que fortalece o esmalte e ajuda a evitar o aparecimento de cáries. Por outro lado, o selante de fissuras, que se coloca nas cavidades dos dentes definitivos, combate as cáries porque é nessas fendas que se acumulam as bactérias e os resíduos alimentares», recomenda o especialista.

É comum fazer-se um teste de saliva (através do Ph), para determinar a sua acidez. Quanto mais ácida, maior probabilidade de desenvolver problemas dentários. Em termos de posicionamento dos dentes, pode ser necessária uma consulta de Ortodontia, pois nem sempre se espera pela dentição definitiva para corrigir a má posição dos dentes.

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Calendário dos dentes

Os dentes têm de começar a ser lavados mal nascem. O contacto com a escova é feito sem a pasta dentífrica, pois os seus componentes são quase medicamentos prejudiciais à saúde da criança. Mais ou menos a partir dos três anos, quando já não há o risco da criança ingerir a pasta, pode começar a usá-la. Escolha uma que seja rica em flúor para ajudar a prevenir as cáries e fortalecer os dentes.

A escovagem é feita duas ou três vezes por dia, depois das refeições. Até aprender a manusear bem a escova, devem ser os pais a lavar os dentes aos filhos. Depois, estão preparados para fazê-lo sozinhos, mas é aconselhável que os vigie até aos 12 anos. A primeira visita ao dentista deve ser feita quando começam a aparecer os primeiros dentes.

O objetivo é que a criança comece a familiarizar-se com o dentista e consultório e que os pais se informem sobre as atitudes preventivas. Estabelece-se um programa adequado ao grau de risco de cada criança, em função do desenvolvimento de doenças dentárias e orais.

Na ausência de problemas, a consulta repete-se de seis em seis meses, para controlar o desenvolvimento dentário. É normal que o seu filho estranhe e faça birras ao princípio. Mas ajude-o a combater este medo, tornando a visita mais descontraída, com músicas ou brincadeiras, e deixando que o dentista lhe mostre todos os instrumentos.

Texto: Mariana Correia Barros com revisão científica de João Azevedo (médico dentista)