Os mais pequenos adoram ir à praia no verão.

 

Mais fina, a pele das crianças tem menos capacidade de se bronzear, de produzir a substância (a melanina) que dá origem à pigmentação e que tem como função proteger-nos da ação dos raios ultravioletas (UV).

Em todas as idades, os raios UVB atingem a camada superficial da pele, a epiderme, e os raios UVA têm a capacidade de atuar na sua camada profunda, mas as crianças, dadas as vulnerabilidades da sua pele, têm maior facilidade de sofrerem queimaduras solares, o que, segundo a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), «duplica o risco de mais tarde se desenvolver um cancro de pele».

É, pois, essencial protegê-las desde cedo. Aliás, de acordo com o especialista Osvaldo Correia, dermatologista e secretário-geral da APCC, «a proteção solar deve ser estimulada desde a gravidez. A criança que vai nascer deve ser salvaguardada das exposições desprevenidas ao sol».

A regra da sombra

Se pensa que os efeitos nefastos do sol só se fazem sentir na praia, desengane-se. A ação é a mesma na praia, na piscina, no jardim ou na escola.

Isto significa que os riscos inerentes à exposição solar estão em todo o lado, sobretudo nas horas de maior incidência de raios UV. Para saber qual a altura do dia em que o seu filho não corre riscos, siga o conselho de Osvaldo Correia, «sombra aumentada, hora apropriada».

Esta é a única forma de saber, em qualquer parte do mundo, quais as horas mais adequadas para se expor ao sol. A fórmula é muito simples. Se a sombra for maior do que o seu filho, a hora é recomendada, o que normalmente acontece no começo ou no final do dia.

«Antes dos seis meses, não deve haver exposição direta ao sol», aconselha o dermatologista, segundo o qual «até aos três anos, os cuidados devem ser redobrados».

Férias na praia

Embora o sol seja essencial para o nosso bem-estar psicológico e para a produção de vitamina D (para a qual basta uma exposição de «meia hora a duas horas por semana», explica o dermatologista), a exposição solar deve ser moderada e realizada nas horas de menor risco.

Idealmente as crianças (e também os adultos) devem evitar o sol entre as 11h00 e as 17h00 pois neste horário ocorre frequentemente um maior índice de raios UV. «Não se pense que colocar a criança debaixo de um guardasol na praia é suficiente», refere Osvaldo Correia.

Três horas debaixo do mesmo podem equivaler a uma hora de exposição direta ao sol devido à reflexão na areia», alerta o especialista. Assim deverá evitar, por exemplo, levar o seu filho a passear ao meio-dia.

Vestuário protetor

No que toca à roupa, Osvaldo Correia aconselha «sarjas e tecidos não porosos. Devemos optar por cores mais escuras nos tecidos mais abertos ou porosos pois não deixam passar tanto os raios UV». Tenha atenção também ao design. É habitual os pais vestirem as meninas com vestuário com alças, o que pode favorecer queimaduras nos braços, ombros, decote e costas.

«As crianças devem, também, usar um chapéu de aba larga. Este permite uma proteção eficaz do couro cabeludo, da face, das orelhas e, em alguns casos, do pescoço», acrescenta o dermatologista. Ao comprar peças de verão, «deve olhar para a etiqueta para saber se têm certificação de proteção solar, conferida pelo CITEVE», refere. A utilização de óculos de sol, a partir dos três anos, é também recomendada.

Protetores solares

É conveniente que os protetores solares usados pelas crianças ofereçam índices de proteção elevados, a partir do FPS 50. «Hoje, há que procurar protetores solares que cubram os UVB e os UVA, fórmulas que sejam mais fotoestáveis e resistentes à água. No entanto, não há nenhum protetor solar que seja completamente resistente à água e duradouro», refere o secretário-geral da APCC.

Pode optar pelos écrans minerais, ideais para bebés, crianças pequenas e crianças ou adultos com alergias. Por outro lado, encontra também à venda filtros químicos que devem ser fotoestáveis e resistentes. «Quanto mais fluido for o protetor, mais vezes terá de o renovar», sublinha Osvaldo Correia.

Segundo o especialista, o ideal é aplicar «o protetor solar em casa, antes da criança vestir o fato de banho, pelo menos meia hora antes de se expôr ao sol. Posteriormente, a sua aplicação deve ser reforçada quando chega à praia ou à piscina, nas áreas particularmente sensíveis, como os ombros e a face».

 

Texto: Cláudia Pinto com Osvaldo Correia (dermatologista)