Come a sopa, está na hora de deitar, toca a despachar que já estamos atrasados. Se repete estas palavras vezes sem conta e não vê surtir o efeito desejado talvez esteja na altura de mudar de adordagem.

Ajudar a criança a interiorizar e cumprir as regras é a missão de «Vamos jogar!», o mais recente livro de Eduard Estivill, pediatra, e Yolanda Sáenz de Tejada, escritora.

Nas suas páginas encontrará, para cada situação quotidiana, uma atividade lúdica que, na opinião do autor, Eduard Estivill, que concedeu uma entrevista à Saber Viver, é uma maneira agradável e divertida de incutir bons hábitos. Dá prazer aos pais e aos filhos. Entre na brincadeira.

Qual a importância da brincadeira no desenvolvimento da criança?

A criança precisa basicamente de distração e atividade. Os jogos permitem exercitar estas duas características da sua personalidade.

E os pais também aprendem?

Evidentemente. Graças ao afeto recebem recompensas de comunicação. A criança sente-se mais segura e, por sua vez, os pais sentem-se mais felizes ao verem como ela vai aprendendo bons hábitos, mesmo sem se dar conta.

Que jogos infantis são mais indicados?

Normalmente todos os jogos têm uma componente educativa. Seja aprender a partilhar e, o mais importante, aprender a perder. A criança deve aprender que nem sempre ganha e que, para conseguir as coisas, é preciso lutar e fazê-las muito bem. Educar na frustração é uma forma adequada de ensinar. Isto pode ser difícil no início, mas com paciência, conseguimos incuti-lo aos nossos filhos.

 

Atualmente, muitos pais são acusados de ter uma relação demasiado cúmplice com os filhos, em que os papéis de adulto e criança não se distinguem. Concorda?

Estou totalmente de acordo. Hoje em dia, os pais, devido ao pouco tempo que têm, tendem a superproteger os filhos, esquecendo-se um pouco de impor limites e regras. Isso compreensível, mas devem fazer um esforço para entender que o importante para a criança é ter umas boas rotinas e uns bons hábitos.

O jogo pode pôr em risco a autoridade e a educação?

É totalmente o contrário. Não há riscos nos jogos. É a forma mais didática de ensinar os nossos filhos.

O que diria aos pais que têm pouco tempo livre?

O importante não é a quantidade de tempo, mas a qualidade. É melhor passar 20 minutos a brincar com os filhos do que uma hora a ver televisão sem comunicarem.

Os pais devem fazer um pequeno esforço, mesmo que cheguem cansados a casa.

Os filhos irão agradecer-lhes e crescer melhor, sobretudo psicologicamente. São os pais que fazem os filhos seguros e isto prepara-os para a adaptação à sociedade, onde nem sempre há felicidade e bem-estar.

Texto: Manuela Vasconcelos