A chegada de um irmão pode tornar-se um acontecimento causador de perturbação e é normal que a criança o demonstre.

Por volta dos três anos, ela atinge o chamado primeiro nível de identidade, com as competências adquiridas e que lhe dão algum grau de autonomia. A demonstração de receio e insegurança é normal, quando lhe é anunciada a vinda de um irmão.

A criança era o centro das atenções e, de repente, vê-se afastada daquela posição. A sua reação pode ser negativa, podendo mesmo regredir nalgumas aquisições como voltar a usar fralda, chucha, manifestar atitudes agressivas, pesadelos, tiques, o que traduz a necessidade que a criança tem de recentrar a atenção uma vez que imagina que a perdeu.

É importante não fazer mudanças na vida da criança após o nascimento do bebé. Todas as alterações e adaptações a fazer devem ser realizadas antes da chegada do irmão, para que a criança não sinta que está a ser afastada (por exemplo entrada para a escola, mudança de quarto) ou tratada de um modo diferente.

Também é conveniente conversar sobre o que se vai passar, para que tenha tempo de colocar as suas questões e aprender a lidar com a situação, assim como envolvê-la (e não obrigá-la) a participar na preparação do nascimento do irmão, como a escolha do nome, as compras, valorizando sempre a sua opinião.

Após o nascimento, não a afaste, deixe-a ajudar a tratar do bebé, reforce a sua autoestima elogiando-a e, nas manifestações de ciúmes, não a castigue, converse e explique tranquilamente porque há coisas que não se podem fazer. É fundamental que a mãe e o pai reservem tempo para o seu filho mais velho, para que sinta que também é importante e não se esqueçam que a criança não só não cresceu de um dia para o outro, como não está preparada para um maior grau de exigência.

Texto: Helena Carreiro (médica pediatra)