Nas últimas décadas, os casos de obesidade infantil aumentaram de forma considerável nos países desenvolvidos. Em Portugal, cerca de 35% das crianças com idades entre os seis e os nove anos têm excesso de peso, um problema que afeta sobretudo os grupos com maiores dificuldades financeiras que acabam por consumir produtos mais baratos mas com elevadas taxas de açúcar, sal e gorduras. Uma situação que obriga pais e educadores a repensar e a rever muitos do seus hábitos alimentares.

«Temos que apostar na prevenção e podemos começar desde cedo, antes do nascimento da criança. Estudos mostram que o peso da mãe, tipo de alimentação e o aumento de peso excessivo durante a gravidez são fatores de risco para desenvolver obesidade na criança. A prematuridade é também considerada um fator de risco, devido às alterações metabólicas nos prematuros face aos bebés que nascem de termo», afirma mesmo Margarida Lobo Antunes, pediatra no Hospital Lusíadas Lisboa.

Estes são alguns dos hábitos a adotar urgentemente para ajudar o seu filho a perder peso:

1. Mais água e menos refrigerantes, sumos e chás açucarados

«A grande maioria das bebidas empacotadas contém elevados níveis de açúcares simples que só contribuem para um elevado aporte energético, alteram os níveis de glicemia e influenciam os níveis de concentração na escola», aponta Rita Loureiro, dietista.

2. Menos açúcares, gorduras e sal

«Escolha alimentos frescos em detrimento dos embalados, varie os elementos proteicos de cada refeição, introduzindo leguminosas e prefira peixe à carne. Escolha pão escuro e massas integrais e evita alimentos açucarados e salgados», recomenda a especialista.

3. Inclua em todas as refeições uma porção de fruta e/ou legumes

«O aporte diário recomendado é de cinco porções, o que é muito simples atingir. Ao pequeno-almoço, dê ao seu filho uma peça de fruta. Ao almoço, encha metade do prato com salada. No lanche da tarde, junte aos cereais uma mistura de frutos vermelhos e, ao jantar, sirva meio prato com legumes salteados e uma espetada de fruta», apela Rita Loureiro.

4. Faça compras inteligentes

Existem alimentos que parecem saudáveis mas, na realidade, podem não o ser:

- Cereais de pequeno-almoço

Faça os seus em casa, apostando numa mistura variada. «Escolha embalagens separadas de vários elementos, cevada, aveia, sementes de sésamo e girassol, passas e avelãs, em detrimento dos conhecidos e anunciados cereais de pequeno-almoço que contêm muito açúcar», recomenda a especialista.

- Iogurtes

«Prefira os naturais e sem açúcar adicionado», sugere Rita Loureiro.

- Bolachas

«São de evitar. A comprar, prefira as do tipo Maria, de água e sal ou de arroz», defende a dietista.

- Sumos

«Apenas e só os frescos, que também estão à venda nos supermercados na zona fria dos legumes e frutas, que indicam ser obtidos através de hiperpressão a frio», afirma Rita Loureiro.

- Leite com chocolate

«Deve ser evitado, devido ao elevado valor de açúcar simples que contempla», refere a especialista

- Pão

«Escolha o mais escuro possível (de centeio, por exemplo), que contribui para o aporte de fibra diário», aconselha Rita Loureiro.

- Boiões de fruta

«Opte por confecionar purés caseiros e refrigerá-los, pois os já embalados contêm muito açúcar e vão contribuir para moldar incorretamente o paladar das crianças», sugere ainda.

O que nunca deve dizer a um filho gordo

Passe «mensagens de segurança, união e muito amor», recomenda Frederica Santos, psicoterapeuta. Assuma que fazer opções saudáveis «exigirá algum esforço, mas no final irá valer a pena, pois irá sentir-se melhor e ter mais energia para brincar ou estudar». Não use o discurso da culpa ou do medo.

Texto: Catarina Caldeira Baguinho e Luis Batista Gonçalves (edição internet) com Rita Loureiro (dietista da Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil, APCOI), Frederica Santos (psicoterapeuta da Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil, APCOI) e Margarida Lobo Antunes (pediatra)