E, como todos os outros, deve ser uma conquista da criança, no momento em que estiver pronta.

Como em tudo o que ao desenvolvimento infantil diz respeito, não há uma data fixa para deixar de usar fraldas.

«Cada criança tem o seu ritmo» é um chavão que os pais já ouviram vezes sem conta, mas que nem sempre interiorizaram.

E por isso ficam preocupados se os filhos dos amigos conseguem atingir esta, como outras etapas, antes do seu.

Mas, nesta como noutras questões, é preciso dar tempo ao tempo. E se não podemos nem devemos forçar uma criança a comer ou a dormir, também não podemos nem devemos forçá-la a fazer chichi e cocó quando queremos e onde queremos.

Berry Brazelton, o mais conceituado pediatra da actualidade, alerta os pais para a importância de esperar que a criança esteja pronta.

O seu método centra-se na criança, ou seja, é ela que tem de ser a protagonista e não os pais. Na sua opinião, tal nunca deve acontecer antes dos dois anos de idade.

Existem certamente crianças que conseguem deixar as fraldas com sucesso mais cedo, mas ao tentar-se mais cedo, com a generalidade das crianças, estamos a sujeitar muitas delas a um mal-estar psicológico não negligenciável:

«Quando as crianças são pressionadas antes de estarem preparadas para serem bem-sucedidas, os insucessos resultam em problemas sérios como a retenção das fezes, a incontinência fecal ou a enurese nocturna» (A Criança e a Higiene, de T. Berry Brazelton e Joshua D. Sparrow, Presença). Continua

O importante será então, na opinião de Brazelton, ter a certeza que a criança está preparada e permitir que esta seja uma conquista sua e não uma imposição dos pais.

Para tal, é preciso esperar que surjam os primeiros sinais que revelam a maturidade necessária por parte da criança.

Para ele, os mais importantes são: já não querer estar sempre de pé e a andar de um lado para o outro; a linguagem estar bastante desenvolvida; saber dizer Não; saber pôr as coisas no sítio certo; começar a imitar os pais e irmãos mais velhos; começar a manter-se seca durante uma ou duas horas; fazer cocó a horas certas; estar a conquistar a consciência do seu corpo.

Estes sete sinais eleitos por Brazelton como essenciais revelam que o controlo dos esfíncteres, ou seja, aprender a reter durante algum tempo o chichi e o cocó, é uma capacidade complexa e que está relacionada com uma série de outras aquisições. Deixar as fraldas depende de aspectos fisiológicos, mas também cognitivos, psicológicos e emocionais.

Assim, deverá avaliar, separadamente, alguns parâmetros do desenvolvimento do seu filho, para perceber se ele estará pronto para mais este grande passo: aspectos fisiológicos e de motricidade, desenvolvimento cognitivo e linguagem, aspectos emocionais e sociais, e vivência na creche.

Alguns conselhos para pais: • não ponham fralda à criança no fim de semana só porque é mais cómodo.

• Mostrem muita satisfação de cada vez que a criança pede para fazer chichi ou cocó e faz no bacio ou na sanita. Valorizá-la e felicitá-la por uma conquista que é sua.

• Nunca repreendam a criança por uma distracção. Repreensões e humilhações podem fazer com que a criança se recuse a colaborar e deixe de querer andar sem fralda.

• Nunca forcem uma criança a estar sentada no bacio.

Texto de Ana Esteves

Revista Pais & Filhos

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