É uma preocupação constante para todos os pais. Quando a mãe tem de voltar a trabalhar e os avós não podem tomar conta da criança, há que preparar a sua ida para a creche.

«Os pais sentem a responsabilidade de assegurar que o bebé fica em segurança e feliz num ambiente acolhedor e educativo», explica Teresa Bandeira, pediatra da Sociedade Portuguesa de Pediatria, em colaboração com Ana Saianda.

A creche a escola adequada até aos três anos de idade e pode ou não ter berçário. Aqui a prioridade está «no ambiente seguro, higiénico, com espaço e arejado. A sala dos mais pequenos deve ter luvas ou lavatório que assegure condições de higiene nos cuidados do bebé. Dos dois aos três anos, a sala deve ser à prova de criança e os brinquedos seguros, adaptados e lavados com frequência», referem Teresa Bandeira e Ana Saianda, valorizando «a existência de espaços abertos».

Para Sandra Nascimento, presidente da APSI, na escolha da creche, «os pais devem ir além das primeiras sensações. O espaço é agradável e a relação com as pessoas ótima, mas há que perceber o que está previsto, as metodologias e atividades a serem desenvolvidas». Recorrer a uma ama é outra opção.

Habitualmente esta cuida de um menor número de crianças, mas a forma de o fazer pode ser menos estruturada. Contudo, em ambos os casos, os pontos a ter em conta são semelhantes.

Etapa a etapa

«Acima de tudo», salientam Teresa Bandeira e Ana Saianda, deve «conhecer o temperamento do seu filho, as necessidades, interesses e reações. No primeiro ano de vida, a criança necessita sobretudo de cuidados dos quais é dependente, ou seja, que a alimentem, que lhe deem atenção, colo e carinho e que cuidem da sua higiene e conforto».

Na fase seguinte, é importante que existam atividades adequadas e que o «ambiente proporcione a diversidade de estilos de aprendizagem, interação com outras crianças e satisfaça a curiosidade intelectual e a necessidade de atenção individualizada», acrescentam. As crianças mais velhas beneficiam da estabilidade, por exemplo ter sempre a mesma educadora, e gostam que lhes leiam histórias de forma individual.

As visitas

Antes da inscrição, «os pais devem visitar a creche, de preferência com o filho, e conversar com os pais de crianças que já a frequentam», explicam as pediatras.

Como alerta Sandra Nascimento, «é fundamental que analisem os espaços pormenorizadamente antes de decidirem». Fale com a pessoa responsável e verifique se o horário de funcionamento lhe é conveniente e se existem alternativas para o seu filho.

Para Ana Saianda e Teresa Bandeira, «a localização é importante. Considere se estar perto de casa ou da casa de um familiar, ou perto do trabalho de um dos pais, pode tornar o dia a dia mais fácil e rentabilizar o tempo que tem livre para estar com o seu filho».

O dia a dia

O local onde a criança cresce e a atenção de que dispõe nos primeiros anos irão inf luenciá-la toda a vida. «Em qualquer circunstância, procure passar o máximo de tempo que lhe seja possível com o seu filho. Informe-se sobre as atividades e dos progressos que ele realizou ao longo do dia», afirmam as pediatras.

O tempo semanal de permanência na creche ou infantário é crítico para o desenvolvimento. Tente que este não seja excessivo e cumpra os horários de saída. Se verificar que o seu filho não se adapta e que os «maus dias» são regulares, tente descobrir a origem do problema e, se necessário, procurar outra creche.

Pais vigilantes

Existem sinais de alarme que indicam que a opção não foi a melhor. «O facto de a criança estar triste quando a vai buscar, mostrar alterações da disposição ou da reatividade, perturbação persistente da alimentação ou do sono pode indicar que algo não está bem. Estes sinais são pouco específicos, portanto, informe-se junto dos outros pais se também têm as mesmas preocupações», recomendam as especialistas.

«Se estes sinais forem exclusivos o seu filho, consulte o médico. Se o cuidador do seu filho lhe mente, se não sabe dizer-lhe nada das rotinas diárias ou se sente desconforto em entregar-lhe a criança repense a sua opção», aconselham Ana Saianda e Teresa Bandeira.

Texto: Cláudia Pinto com Ana Saianda e Teresa Bandeira (pediatras) e Sandra Nascimento (presidente da APSI)