As cadeiras mais caras são as melhores? Até quando posso transportar o bebé no ovo? Será correto transportá-lo virado para a frente? E quando crescer, como deve viajar? Com certeza que já fez todas estas perguntas mas nem sempre conseguiu uma resposta satisfatória.

Para esclarecer todas as suas dúvidas, pedimos ajuda a uma especialista em segurança rodoviária infantil. E há tanta coisa que deve mesmo saber!

Objetivo: segurança

«O uso de uma cadeira no automóvel deve começar no dia em que sai da maternidade com o seu bebé», alerta Helena Botte, da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI). As cadeiras portáteis, também chamadas «ovo», são a primeira aquisição a fazer, em detrimento das alcofas para automóvel que não garantem segurança.

Mas atenção. Não deve instalar a cadeirinha num lugar que tenha um airbag frontal ativo, pois isso implica grande perigo. Por outro lado, qualquer cadeirinha deve ser colocada de forma a que o bebé fique virado para trás.

Invista no seu filho

«Os vendedores dizem aos pais que, a partir dos nove quilos, as crianças podem viajar viradas para a frente, mas isto é errado», alerta Helena Botte. Estudos de segurança rodoviária infantil comprovam que, até aos dois ou dois anos e meio, os bebés devem viajar sempre numa cadeirinha virada para trás, e que este simples procedimento, em caso de acidente, pode salvar a vida de nove em cada dez crianças. «Infelizmente, em Portugal, não se encontram muitas cadeiras que facilitem este procedimento e as que existem são caras, com preços que rondam os 400 euros», revela a especialista. Ainda assim, vale a pena investir.

Máxima proteção

Até aos 18 meses é imprescindível que a criança viaje virada para trás pois, nos bebés pequenos, a cabeça representa cerca de um quarto do seu peso total. Os ossos são ainda muito elásticos e pouco firmes, por isso, em caso de acidente a baixa velocidade ou até mesmo uma travagem brusca, se ele estiver voltado para a frente, o seu pescoço pode ser puxado com força e esticar demasiado, danificando a espinal-medula, o que poderá deixá-lo paralítico ou até mesmo levar à morte.

Bebé seguro

Ao contrário do que se costuma pensar, o bebé pode viajar no ovo virado para trás, de forma confortável até atingir os 13 quilos.

À medida que cresce, vai ficar com as pernas dobradas, mas isso não é razão para comprar uma cadeira maior.

 

O bebé não se incomoda nada em ter as pernas dobradas.

«Basta que o acomode bem e lhe descalce os sapatinhos que ele conseguirá mexer as pernas à vontade, levantá-las e esticá-las», explica Helena Botte, segundo a qual «as zonas que necessitam de mais protecção (a cabeça e o pescoço) estarão seguras».

Verifique a instalação

É importante que, à medida que a criança for crescendo, a cadeira em que é transportada seja adequada ao seu peso. Mas há um outro factor que não devemos esquecer: a sua instalação. Quando a aplicar no automóvel, verifique se colocou correctamente os cintos de segurança, os da própria cadeira e os da sua viatura. Estes devem ser de três pontos e, no caso de o seu carro não dispor destes cintos, pergunte junto da marca se é possível instalá-los.

 

Quando terminar, faça um teste. Abane-a de um lado para o outro. A cadeira deve permanecer fixa sem se mover. Puxe-a também para a frente com força. Se não ficar bem fixa, é porque ou está mal instalada ou não se adapta bem ao seu automóvel. Neste caso, deve optar por outro modelo.

Ele já está crescido...

Dependendo da altura de uma criança, poderá substituir a cadeira por um banco elevatório, mas só se o cinto de segurança não a incomodar no pescoço. Se o seu carro não possui encostos de cabeça no banco traseiro o uso da cadeira é o mais recomendado. Por outro lado, não deixe de usar a cadeira de apoio ou banco elevatório antes de ele ter 1,5 m de altura, 12 anos ou 36 quilos. Só assim o cinto ficará correctamente colocado. Apoiado na bacia e não sobre a barriga!

 

«Isto é extremamente importante, pois se o cinto se apoiar na zona abdominal, em caso de acidente, poderá provocar lesões internas gravíssimas», alerta Helena Botte. Para que possa ver o seu filho no banco traseiro quando ele viaja voltado para trás, utilize um espelho especial, à venda em lojas de puericultura e concessionários de automóveis, que se aplica na parte de trás do carro.

O melhor carrinho

Várias marcas comercializam trios, compostos por chassis ou estrutura de rodas, alcofa e cadeira tipo ovo. Se optar por um destes conjuntos, tenha em atenção os vários pontos aqui mencionados.

 

Quanto aos carrinhos, verifique se este possibilita a posição horizontal da cadeira, para que o bebé possa dormir confortavelmente.

O tipo de chassis também é importante, pois existem modelos com rodas pneumáticas e suspensão que facilitam o transporte em pisos irregulares. Para crianças mais crescidas, escolha carrinhos com suporte para os pés. Em relação às dimensões, confirme se consegue metê-lo facilmente na bagageira do seu automóvel. E prenda sempre a criança com os cintos de segurança!

Vamos às compras

Quando comprar uma cadeira, escolha apenas um modelo com etiqueta de aprovação. A etiqueta é a garantia de que a cadeira foi testada e aprovada de acordo com a norma internacional (o número de aprovação terá de começar pelos algarismos 03). Na etiqueta encontrará também a indicação sobre o tipo de produto, que terá de ser universal, ou seja, poderá ser utilizada na maioria dos automóveis. A cadeira terá também de ser adequada ao peso do seu filho.

Antes de comprar, experimente-a no seu automóvel e, de preferência, com a criança que a vai utilizar. Se pretender usá-la em mais do que um automóvel, experimente-a em todos. Se comprou uma cadeira e ao experimentá-la percebeu que fez a escolha errada, por lei, tem uma semana para a devolver à loja, com apresentação de fatura e desde que o produto esteja em condições de ser comercializado.

Texto: Alexandra Pereira com Helena Botte (especialista em segurança rodoviária infantil)