O alimento materno é um alimento vivo e natural, adequado ao recém-nascido e uma mais-valia em termos de defesas contra doenças e infeções que o leite artificial não consegue proporcionar. O leite produzido pela mãe tem a qualidade adequada e específica para alimentar o seu bebé, além disso está sempre pronto a consumir e na temperatura ideal para o bebé.

O leite que surge no quinto ou sétimo dia de vida do bebé designa-se colostro. Com um aspeto denso e amarelado, é um leite especial que tem os anticorpos que vão proteger o bebé. Até aos primeiros 15 dias a seguir ao parto a mãe produz o leite de transição, que tem uma aparência e composição diferentes. A mulher pode sentir o peito mais tenso e pesado.

As principais dificuldades da amamentação começam geralmente na passagem para o designado leite maduro, mais aquoso e constituído por nutrientes essenciais para o desenvolvimento do bebé.

Amamentar é uma forma de ajudar o bebé a fazer a transição da vida uterina cá para fora, diz Margarida Piló, doula. «O bebé quando mama tem um contacto pele a pele, sente o calor da mãe e os seus batimentos cardíacos, sinais que ele reconhece e que o fazem sentir seguro», refere a também conselheira de aleitamento materno, continuando: «Não há nada no mundo que tenha a mesma força para o bebé». O mesmo acontece com a importância do colo e do toque dos pais.

BENEFÍCIOS DA AMAMENTAÇÃO

A coordenadora do guia O Nosso Bebé Teresa Abreu explica que amamentar nutre afetivamente o bebé também do ponto de vista emocional. «O leite da mãe nutre psicologicamente o bebé de uma forma ideal», avança a também psicóloga clínica. Quando o bebé está ao colo da mãe ambos se colocam numa posição de conforto, momento em que ocorre uma reciprocidade na relação entre os dois. O ato de amamentar vai ajudar a vinculação entre a mãe e a criança. Na amamentação surgem comportamentos relacionados com os sentidos, como o olhar, o cheiro e a voz materna, que vão influenciar o relacionamento de ambos logo no começo de vida do bebé. Por estarem a uma distância ótima quando o bebé está ao peito, o contacto visual que o bebé estabelece com a mãe faz com que estejam a comunicar entre si. E acrescenta: «Há uma recetividade de olhares, em que a mãe vai conversando com o recém-nascido e ajustando a posição conforme deseje».

A Organização Mundial de Saúde recomenda que as mulheres iniciem a amamentação logo a seguir ao nascimento. Margarida Piló refere uma das muitas razões pelas quais o bebé deve receber o alimento materno minutos após o parto: «É quando o reflexo de sucção do bebé está mais ativo. Se o puser em prática no princípio, se o exercitar, a aprendizagem posterior vai ser facilitada». É como se o reflexo estar adormecido e despertar, posto à prova; além de que ativa na mãe a produção de hormonas como a ocitocina, ajudando-a na expulsão da placenta e na contração do útero para voltar ao seu tamanho normal.

Texto: Ana Margarida Marques

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