A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, a partir dos seis meses de idade, os «bebés devem iniciar a diversificação alimentar, através da introdução de novos alimentos que não apenas o leite materno ou adaptado», explica a pediatra Mónica Pinto. «Tradicionalmente, começa-se com purés, sopas ou papas, introduzindo a colher», refere a especialista.

Mas o método Baby Led Weaning,«desmame conduzido pelo bebé», como lhe chama, vem sugerir uma nova abordagem. Criado pela enfermeira britânica Gill Rapley, «surgiu por se pensar que, se a criança começar mais cedo a explorar e aprender a mastigar alimentos sólidos, poderá ser mais fácil a alimentação e reduzir as dificuldades nas refeições», conta Mónica Pinto.

Como funciona

Ao contrário do método tradicional, no Baby Led Weaning «não se utilizam os purés e papas como complementos, mas sim alimentos sólidos (como cenouras cozidas, legumes, fruta ou pão) que a criança possa agarrar com as mãos e comer sozinha», explica Mónica Pinto. A comida não é oferecida  à criança. Ela come o que quiser.

Por isso, os alimentos «devem ficar com uma textura que possa ser esmagada com o polegar e o indicador da criança, o que implica que muitos legumes sejam cozinhados. Alguns frutos, como a banana, o melão ou a melancia, podem ser oferecidos crus. Os alimentos devem ter a medida suficiente para que a «criança os possa apanhar do tabuleiro e levar à boca», diz.

«Por isso, a forma de palitos a mais usual, mas não a obrigatória», esclarece Mónica Pinto. Além dos alimentos sólidos, o Baby Led Weaning contempla ainda o leite materno ou adaptado, «presentes como complementos nas restantes refeições», adianta a pediatra.

As vantagens

Um dos benefícios defendidos prende-se com o facto de as crianças terem uma alimentação variada mais cedo, tendo menos probabilidade de rejeitar alimentos mais tarde. Mas Mónica Pinto, apesar de reconhecer que o Baby Led Weaning «permite experimentar novos alimentos de forma diferente», chama a atenção para um pormenor.

No entanto, ainda «não existem estudos que comprovem que modifica a atitude futura da criança em relação aos alimentos», sublinha. A pediatra admite, que o método estimula a criança a «aprender, por si só, a mastigar e a estimular a língua e os lábios, e, por isso, tornar mais fácil a aprendizagem e aceitação futura de alimentos com texturas diferentes».

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Os riscos

À partida, não são grandes. «Tanto o método tradicional como o Baby Led Weaning são eficazes, se bem aplicados», considera Mónica Pinto. No que toca aos riscos, «no tradicional, corre-se o risco de a criança não desenvolver de forma adequada a mastigação, comendo apenas alimentos triturados e em quantidade excessiva», sublinha a especialista.

«No Baby Led Weaning, os riscos prendem-se com o facto de estarem a ser introduzidos sólidos demasiado cedo,  de haver alimentação insuficiente e uma maior desregulação daquilo que  é consumido», dado que  é a criança que gere as quantidades do que ingere.

Segundo a pediatra, «pode haver crianças que se engasgam por não conseguirem ter bons reflexos de vómito», ainda que «o facto de o Baby Led Weaning estar indicado a partir dos seis meses, com alimentos facilmente esmagáveis, pode ajudar a reduzir estes riscos», acrescenta ainda a especialista.

Este método é para o meu bebé?

Mónica Pinto, pediatra, não recomenda o Baby Led Weaning em exclusivo, apontando casos em que o método é desaconselhado ou em que deve ser iniciado mais tarde, depois dos seis meses.

- Não, se o seu filho:

1. Tiver hipotonia (redução do tónus muscular).

2. Revelar dificuldade na sucção ou engasgamento fácil; dificuldade em mastigar.

3. Tiver má coordenação do movimento da língua, com a deglutição e com reflexos protetores.

4. Má evolução do peso.

5. Vários episódios de engasgamento ou vómitos.

- Sim, se o seu filho:

1. Não tiver nenhuma contraindicação.

2. Combinar este método com as papas e as sopas.

3. Se se vigiarem sempre as quantidades ingeridas de alimentos sólidos e se se estiver com a criança durante a refeição, para se certificar que não há engasgamento.

Texto: Catarina Caldeira Baguinho com Mónica Pinto (médica pediatra da Clínica Gerações)